Economista projeta desaceleração global em 2026 no “Tá na Hora” da ACI de Santa Cruz

Por Jonathan da Silva

A economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, projetou um cenário de desaceleração econômica global e doméstica para 2026 e recomendou que as empresas adotem uma postura proativa de gestão para superar os riscos, durante palestra na reunião-almoço “Tá na Hora” nesta quinta-feira (11). O evento, uma promoção conjunta da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul e da Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo (VTRP), reuniu empresários e lideranças no restaurante do Hotel Águas Claras para analisar as certezas e incertezas do próximo ano.

Patrícia Palermo iniciou sua projeção apontando para uma desaceleração generalizada no horizonte de 2026. A economista afirmou que, a nível global, a projeção é de um crescimento abaixo da média histórica, pressionado por questões geopolíticas e uma política comercial americana que caminha para mais protecionismo. Para o Brasil, a especialista projetou um “ano mais morno”, com a economia crescendo, mas “perdendo ritmo”, devido a fatores que combinam incertezas globais e desafios estruturais domésticos.

Pressão dos juros e reforma tributária

A economista destacou que a principal pressão sobre a atividade econômica continuará vindo da taxa de juros. Embora se espere uma queda da Selic dos atuais 15% anuais, a taxa permanecerá em um patamar elevado. “É um afrouxar em que a gente continua sentindo o aperto,” resumiu Patrícia. A especialista afirmou que a taxa de juros real continuará a exercer forte pressão sobre o crédito e a dinâmica da dívida. Além dos juros, Patrícia citou que 2026 será marcado pelo primeiro ano de funcionamento da reforma tributária, que exigirá adaptações significativas das empresas, e por um clima eleitoral polarizado.

Foco na gestão interna e no fluxo de caixa

Diante desse quadro, Patrícia Palermo enfatizou a importância da gestão interna e da proatividade empresarial. “Não temos uma maré que leva todo mundo para a frente. Então, o que significa isso? Que todo mundo tem que dar braçadas largas se quiser chegar no lugar onde deseja,” destacou a palestrante. A economista aconselhou as empresas a priorizarem o equilíbrio do fluxo de caixa, alertando que “uma empresa, mesmo com lucro, pode quebrar se não tiver o fluxo de caixa equilibrado”. Sobre a tomada de crédito, a especialista afirmou que “a tomada de crédito ela tem que ser racionalizada e extremamente estratégica”.

Oportunidade no público mais velho

Outro ponto abordado pela economista foi a revolução demográfica. Com a população envelhecendo rapidamente, Patrícia sugeriu que as empresas devem adaptar produtos e serviços para aproveitar o público mais velho, que possui maior renda disponível. “Eu brinco que colágeno e dinheiro no bolso não andam juntos,” comentou, ao criticar o foco excessivo no público jovem e ignorar o que chamou de “potencial de consumo fantástico” dos mais velhos.

Transição de gestão na ACI

A edição do evento também marcou o encerramento do ciclo da gestão de Ario Sabbi na presidência da ACI. Em sua fala de abertura, Sabbi fez um breve balanço de sua gestão (2024/2025), mencionando o quadro desafiante que encontrou na entidade, com problemas financeiros e passivos. “A boa notícia é que deixamos agora a ACI com as contas saneadas e uma perspectiva de futuro que honra sua tradição centenária e importância na história empresarial da região e do estado”, ressaltou o dirigente. Em novembro, a Assembleia dos associados elegeu por aclamação Marco Antônio Borba presidente da ACI e reconduziu Tironi Paz Ortiz como vice-presidente para a gestão 2026-2027. Os novos dirigentes tomam posse automaticamente em 1º de janeiro.

O evento Tá na Hora conta com o patrocínio de empresas como Banrisul, BRDE, BAT, Gazeta Grupo de Comunicações, JTI, Philip Morris Brasil, Sicredi, Unimed, Unisc e Universal.

Foto: Rodrigo Assmann/Divulgação | Fonte: Assessoria
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