A reunião da Subcomissão de Defesa do Setor do Tabaco e Acompanhamento da COP 11 da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS), realizada nesta sexta-feira (26) em Candelária, destacou que a cadeia produtiva do tabaco apresenta um dos melhores índices de sucessão no campo e renda superior à média nacional. O encontro ocorreu na Câmara de Vereadores do município e contou com lideranças políticas, representantes de entidades, sindicatos e produtores.
O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, foi painelista no evento e apresentou a pesquisa Perfil Socioeconômico dos Produtores de Tabaco da Região Sul do Brasil, conduzida pelo Cepa/UFRGS em 2023. Segundo o levantamento, 68,2% dos produtores afirmam ter sucessor na família, índice bem acima da média nacional.
Thesing comparou o resultado com dados do Censo Agropecuário 2017 do IBGE, segundo os quais apenas 30% das propriedades rurais chegam à segunda geração e 5% ultrapassam a terceira. “Enquanto os dados nacionais do IBGE apontam para uma crise de sucessão na agricultura familiar brasileira, a cultura do tabaco se destaca, com níveis superiores de sucessão”, afirmou o presidente da entidade.
Permanência no setor
O estudo revelou ainda que, entre os jovens que pretendem permanecer nas propriedades, 41,8% continuarão cultivando tabaco. Outros 24,2% afirmaram que os filhos não seguirão na atividade, e 34,1% ainda não têm definição. Para Thesing, esses números demonstram que “apesar das dificuldades similares às demais cadeias produtivas, a cultura do tabaco possui maior capacidade de retenção de sucessores e isso se deve muito à alta rentabilidade e qualidade de vida proporcionada pelo tabaco a essas famílias produtoras”.
Renda acima da média
A pesquisa do Cepa/UFRGS apontou também que os produtores de tabaco estão entre os de maior rendimento do meio rural. De acordo com os dados, quase 80% pertencem aos estratos sociais A e B. Entre os fatores que favorecem esse desempenho, destacam-se a rentabilidade por hectare, o modelo de produção integrada — que garante assistência técnica, fornecimento de insumos e compra da produção — e a viabilidade econômica em pequenas propriedades.
Desafios e riscos
Durante o encontro, Thesing alertou para riscos relacionados a medidas da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). Segundo ele, países concorrentes têm ampliado seus volumes de produção com apoio de subsídios, em contraste com o cenário nacional. “Temos acompanhado um aumento substancial nos volumes de países produtores concorrentes que acendem o alerta para o avanço de medidas que possam prejudicar a cadeia produtiva instalada no Brasil. Alguns desses países sequer ratificaram a Convenção-Quadro e possuem subsídios diretos de seus respectivos governos, em um tratamento bem diferente ao que temos visto para os produtores brasileiros”, destacou o presidente da entidade.
Próximos encontros
A Subcomissão já realizou reuniões em Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Rio Pardo, Barão do Triunfo e Camaquã. Os encaminhamentos serão reunidos em relatório que servirá de base para a atuação institucional junto a governos e negociações internacionais da COP 11.
29 de setembro, 13h, Porto Alegre (Espaço de Convergência da ALRS): atuação de órgãos de controle e combate ao contrabando.
2 de outubro, 14h, Canguçu (Câmara Municipal): agricultura familiar e diversificação de renda.
3 de outubro, 9h, São Lourenço do Sul (Restaurante do Sindicato Rural): estratégias de valorização da produção e comércio internacional.
8 de outubro, 14h, Porto Alegre (ALRS): apresentação e aprovação do relatório final.


