A Fecomércio-RS divulgou os resultados da primeira edição da Sondagem do Segmento Atacadista deste ano, realizada entre os dias 26 de fevereiro e 26 de março, com 385 estabelecimentos do Rio Grande do Sul. A pesquisa mostra que os efeitos das enchentes de 2024 ainda impactam significativamente o setor: 74,5% das empresas foram afetadas e 58,9% não se recuperaram plenamente.
Entre os atacadistas consultados, 28,3% relataram recuperação parcial, 13,2% estavam quase totalmente recuperados e 17,4% disseram que a retomada era bastante limitada. As principais consequências identificadas foram perda de clientes (34,8%), redução de faturamento (33,5%) e dificuldades financeiras (21,6%). “Se a edição anterior apontava a descapitalização dos negócios e dos sócios para fazer frente ao impacto da tragédia, essa rodada nos mostra um estágio de recuperação ainda não completado. Diante da incerteza atual e o cenário econômico mais adverso, a marca da tragédia pesa ainda mais sobre a capacidade dos negócios se tornarem mais competitivos, sobretudo aqueles sem estrutura sólida de gestão”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
A sondagem também revelou fragilidades na estrutura das empresas: 21% misturavam as finanças da empresa com as dos sócios, 19,5% não tinham controle informatizado de vendas e estoques e 36,3% não vendiam por canais digitais. Dentre estes, 26,2% não demonstraram interesse em adotar essa estratégia.
Situação atual das empresas
Na autoavaliação da situação financeira, 55,6% classificaram como positiva, enquanto 36,4% disseram estar em condição regular e 8% relataram situação ruim ou crítica. Dentro desse grupo, 6,2% enfrentavam dificuldades para cumprir compromissos e 1,8% indicaram risco de insolvência ou fechamento.
Sobre o desempenho das vendas nos últimos seis meses, 42,6% avaliaram como regular, 17,4% como ruim, e 40% com avaliação entre boa e excelente. Em relação aos custos, 72,8% reportaram aumento e a maioria (51,2%) repassou parcialmente os valores ao varejo.
Expectativas para o futuro
O cenário projetado pelas empresas para os próximos seis meses é majoritariamente pessimista: 57,1% esperam piora na economia nacional, 24,7% preveem estabilidade e 18,3% acreditam em melhora. Para a economia gaúcha, 38% esperam piora, 40% estabilidade e 22,1% melhora.
Quanto à força de trabalho, 67,5% dos entrevistados preveem manutenção do número de funcionários, 23,6% planejam ampliar e 6,2% devem reduzir o quadro. Em relação ao próprio negócio, 46,5% acreditam em aumento nas vendas, 40,5% esperam estabilidade e 13% preveem queda. Apenas 45,2% planejam investir nos próximos meses.
Perfil do segmento atacadista
A sondagem também traçou o perfil das empresas do setor. A maioria (81,3%) atua há mais de 10 anos no mercado. Quase metade (47,3%) possui até cinco colaboradores, 22,9% têm entre seis e dez e 29,9% contam com mais de dez. Quanto ao faturamento, 44,7% são pequenas empresas, 26,5% médias, 24,2% microempresas e 4,7% grandes.
Os segmentos mais representados na amostra são: máquinas, equipamentos e ferramentas (20%); produtos alimentícios e bebidas (19,5%); insumos agropecuários, materiais de construção e ferramentas, e vestuário, calçados e têxteis (cada um com 10,1%).
Sobre endividamento, 44,7% declararam não utilizar crédito comercial ou de instituições financeiras. Entre os que utilizam, 30,6% indicaram nível baixo, 16,6% moderado, 6,2% alto e 1,8% crítico. Os principais usos do crédito são para compra de estoques (31,4%) e capital de giro (26,2%).