O Wind of Change 2025 encerrou sua segunda edição nesta quinta-feira (3), em Porto Alegre, com a apresentação de um estudo inédito que identifica áreas propícias à implantação de parques eólicos offshore no Rio Grande do Sul. A pesquisa, realizada pelo Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Estado do Rio Grande do Sul (Sindienergia RS) em parceria com a Portos RS e um grupo de empresas, mapeou zonas favoráveis na costa do estado, destacando oportunidades e desafios para a expansão das energias renováveis.
A pesquisa foi conduzida pela oceanógrafa e PhD em Geociências Clarissa Araujo, da empresa WSP Brasil. O levantamento utilizou uma análise multicriterial que considerou aspectos socioambientais e de infraestrutura para definir três cenários de implantação: livre desenvolvimento, conservador e abordagem de gestão.
No cenário conservador, foram identificadas duas áreas prioritárias: uma ao norte, com 2.935 km², e outra ao sul, com 4.372 km². A abordagem de gestão ampliou essa área para 33.840 km², enquanto o modelo de livre desenvolvimento definiu um total de 44.106 km² para possíveis instalações. “A fase seguinte será a integração com o sistema terrestre, avaliando a infraestrutura de transmissão existente e os projetos previstos. Não basta termos potencial, é essencial garantir a conexão e distribuição eficiente da energia gerada”, afirmou Clarissa Araujo.
Regulamentação e potencial energético do estado
A regulamentação do setor avançou em janeiro de 2025, quando o governo federal sancionou a Lei 15.097/2025, que estabelece normas para exploração de energia eólica offshore no Brasil. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de projetos em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para licenciamento ambiental. Até janeiro deste ano, havia 30 processos abertos para a instalação de parques eólicos no mar.
A presidente do Sindienergia RS, Daniela Cardeal, destacou o potencial do Rio Grande do Sul para se tornar um dos principais exportadores de energia do país. “O Rio Grande do Sul tem grandes diferenciais para contribuir com o desenvolvimento do Brasil na questão da segurança energética nacional. As energias renováveis são fundamentais para o desenvolvimento de muitos setores prioritários, como agricultura, indústria e saúde”, salientou Daniela.
A dirigente da entidade também ressaltou a importância de uma maior articulação entre os governos federal e estadual para a elaboração de um plano nacional de transição energética. “Precisamos de políticas públicas claras e integradas para impulsionar ainda mais esse setor e garantir que as energias limpas possam trazer benefícios econômicos e sociais a todos”, completou Daniela.
Debates e perspectivas para o setor
O evento também promoveu debates sobre desafios de infraestrutura, impacto socioambiental e sustentabilidade na transição energética. A experiência dos Países Baixos na redução de impactos ambientais foi apresentada por especialistas internacionais, como o diretor Técnico Latam da Fugro, Alessander Kormann; o CEO da Antea, Hilton Lucio; e o gerente Comercial para a Região Sul da América Latina da Mammoet, Pablo Terres. A mediação ficou a cargo do chefe do Escritório de Apoio aos Negócios dos Países Baixos em Porto Alegre, Caspar van Rijnbach.
No último dia do Wind of Change, também participaram lideranças como o diretor do Ministério de Portos e Aeroportos, Tetsu Koike, o presidente do Sindienergia Ceará e vice-presidente do Centro Industrial do Ceará, Luis Carlos Queiroz, o diretor de Energia da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Rodrigo Huguenin, e o presidente do Conselho do Banco Randon, Joarez José Piccinini.
O que é o Wind of Change 2025
O Wind of Change 2025 chegou à sua segunda edição e se consolidou como um dos principais eventos sobre energia renovável no Brasil. Com a recente regulamentação das eólicas offshore e a crescente demanda por fontes limpas, o evento reuniu investidores, especialistas e representantes governamentais para discutir soluções e estratégias para a transição energética.