O acesso à arte e à cultura é considerado decisivo para o desenvolvimento profissional por 90% dos jovens consultados em uma pesquisa realizada pelo Centro de Integração Empresa-Escola do Rio Grande do Sul (CIEE-RS) em parceria com a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. O levantamento foi feito entre março e maio de 2025, período em que ocorreu a 14ª Bienal do Mercosul, e reuniu respostas de 444 participantes, entre estudantes, aprendizes, estagiários e representantes de empresas.
A pesquisa utilizou formulário online com perguntas fechadas e apontou que 88,26% dos respondentes eram jovens em processo de formação e 11,74% empresários ou profissionais ligados à gestão de equipes. Entre os estudantes, 71% declararam vontade de ter mais acesso gratuito ou subsidiado a atividades culturais. Apesar do interesse, 60% nunca haviam visitado a Bienal, principalmente por limitações financeiras (28%) e falta de tempo (27%).
Competências desenvolvidas
Os jovens destacaram que o consumo cultural fortalece habilidades como comunicação (22%), criatividade (22%), pensamento crítico (19%), empatia (18%) e autoconfiança (17%). As manifestações culturais mais citadas foram música (26%), literatura (16%), cinema (16%), documentários e podcasts (14%) e dança (12%).
Para o CEO do CIEE-RS, Lucas Baldisserotto, os dados confirmam o potencial transformador da cultura na formação profissional. “Nossa pesquisa mostra que 90% dos jovens reconhecem o acesso à cultura como um fator determinante para o seu desenvolvimento profissional. Isso confirma que iniciativas como o Teatro CIEE-RS Banrisul têm um papel estratégico na formação de competências fundamentais — como comunicação, criatividade e empatia — tão valorizadas no mercado de trabalho”, afirmou Baldisserotto.
Visão das empresas
Entre os empregadores consultados, metade declarou estar disposta a estabelecer parcerias com eventos culturais para apoiar o desenvolvimento dos colaboradores. As competências mais valorizadas pelo setor empresarial foram trabalho em equipe (20%), comunicação (19%), criatividade (18%), sensibilidade (15%) e iniciativa (14%).
No entanto, também entre as empresas há barreiras de acesso: 26% apontaram falta de tempo, 26% mencionaram restrição financeira e 25% citaram a incompatibilidade entre as atividades culturais e os interesses dos colaboradores.
Bienal do Mercosul e impacto social
A 14ª edição da Bienal, realizada entre 27 de março e 1º de junho, reuniu 77 artistas de mais de 30 países em 18 locais da Região Metropolitana de Porto Alegre. Ao todo, cerca de 900 mil visitantes participaram das atividades, incluindo 800 agendamentos escolares.
A presidente da Fundação Bienal do Mercosul, Carmen Ferrão, ressaltou que a mostra buscou aproximar arte e educação. “A 14ª Bienal do Mercosul trouxe o tema ‘Estalo’, e com essa equipe curatorial, liderada por Raphael Fonseca, conseguimos reafirmar nosso compromisso de conectar arte e educação de forma gratuita e inclusiva. Queremos esse movimento que atravessa o corpo, a cidade e a sociedade — inspire os jovens a perceberem a cultura como catalisadora de sua transformação pessoal e profissional”, destacou Carmen.
O diretor-executivo da Fundação, Adriano Naves de Brito, destacou a atuação conjunta com o CIEE-RS. “A parceria do CIEE-RS foi mais uma vez fundamental para a Fundação de Artes Visuais do Mercosul. Juntos, viabilizamos mais de 100 jovens estagiários para a mediação da mostra”, afirmou o dirigente.