A instalação de grandes atacadistas em bairros de Novo Hamburgo foi tema de debate entre vereadores na sessão desta quarta-feira (9), após manifestação do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Vale do Sinos (Sindigêneros/Vale), Juelcir Savanim. O dirigente apresentou preocupações do setor com prejuízos ao comércio local e defendeu a criação de uma legislação que regulamente a localização desses empreendimentos.
Convidado pela vereadora Deza Guerreiro (PP), Savanim exibiu um vídeo com exemplos nacionais dos efeitos da expansão dos chamados atacarejos. O sindicato representa 1,4 mil empresas em 14 cidades, sendo 200 em Novo Hamburgo. Segundo o dirigente, há previsão de instalação de mais seis unidades na cidade, que já conta com nove atacados. “Não é uma causa partidária ou religiosa, é uma causa da comunidade. Não viemos pleitear algo para atender A ou B, mas queremos um projeto que contemple, sim, essas grandes empresas, com mais de 2 mil metros quadrados de área. Que venham para cá, mas que não se instalem mais dentro dos bairros”, declarou Savanim.
O presidente do Sindigêneros apontou problemas associados ao modelo, como desvalorização de pequenos comércios, concentração de renda em empresas de fora do Estado, sobrecarga do trânsito e menor arrecadação de tributos locais devido a incentivos fiscais.
Sugestão de regulamentação e apoio parlamentar
A vereadora Deza Guerreiro destacou o papel estratégico do varejo alimentar e sugeriu um projeto de lei inspirado em experiências de Santa Catarina, que restringem grandes estabelecimentos a margens de rodovias. “Sabemos que o comércio varejista de gêneros alimentícios enfrenta inúmeros desafios, que exigem diálogo, planejamento e soluções conjuntas entre o setor privado, o poder público e a sociedade”, comentou a parlamentar.
O vereador Ricardo Ritter – Ica (MDB) lembrou regulamentações semelhantes aprovadas no passado para limitar a proliferação de postos de combustíveis. O parlamentar manifestou preocupação com a possibilidade de surgirem “elefantes brancos”, caso prédios construídos por investidores sejam abandonados após o fim de contratos de locação com atacadistas.
Outros posicionamentos na Câmara
O vereador Enio Brizola (PT) citou a chegada de grandes grupos, como Carrefour, Maxxi Atacado e Big, e defendeu redes de cooperação para fortalecer pequenos empreendedores. Eliton Ávila, relator da Comissão de Competitividade, Economia, Finanças, Orçamento e Planejamento (Cofin), propôs uma campanha de incentivo ao consumo no comércio local, nos moldes das realizadas na pandemia.
A vereadora Luciana Martins (PT) relatou que questionou a Prefeitura sobre a permissão de divulgação de inauguração de um atacado na Praça do Imigrante, recebendo como resposta que se tratava de autorização temporária e sem custos.
Juliano Souto (PL) afirmou que prefere comprar em estabelecimentos de bairro e declarou que o parlamento deve dar atenção à pauta. “Eu quero dizer a ti e a todos os teus colegas que estão hoje aqui nos prestigiando que nós temos que ter o nosso olhar atento a todos vocês”, pontuou o parlamentar.
Os vereadores Joelson Araújo (Republicanos), Giovani Caju (PP) e Felipe Kuhn Braun (PSDB) também manifestaram apoio à discussão sobre zoneamento e indicaram disposição para buscar alternativas que contemplem o desenvolvimento econômico e a proteção do comércio local.