A solidão tem sido um sentimento recorrente para metade da população do Brasil. De acordo com o levantamento Perceptions of the Impact of Covid-19, realizado pela Ipsos com pessoas de 28 países, 50% dos respondentes afirmam se sentir solitários no Brasil. Dentre todas as nações, é o maior índice. Em segundo lugar estão os turcos (46%), seguidos pelos indianos (43%). A média global é de 33%. Na contramão do Brasil, os respondentes da Holanda (15%), do Japão (16%) e da Polônia (23%) são os que menos se sentem sós.
O impacto da pandemia foi particularmente duro para os brasileiros (…), e não veem o resultado de longo prazo como positivo para sua saúde mental.
A sensação de solidão aumentou no último semestre, conforme 52% dos brasileiros. Já na média de todos os países, 41% das pessoas disseram que se tornaram mais solitárias nos últimos seis meses. Para 43% dos respondentes no Brasil, o último semestre gerou impacto negativo em sua saúde mental. Por outro lado, 1 em cada 5 (21%) declarou que o impacto foi positivo.
Globalmente, considerando todos os participantes da pesquisa, 40% relataram impacto negativo dos últimos 6 meses no bem-estar mental, e 22% relataram um impacto positivo. Os países com maior impacto positivo foram Peru (47%), México (44%) e Índia (42%). Já Canadá (54%), Reino Unido (53%) e Hungria (52%) tiveram maior impacto negativo.
“O impacto da pandemia foi muito duro particularmente para os brasileiros – que se sentem muito mais solitários que a população nos demais países –, e não veem o resultado de longo prazo como positivo para sua saúde mental”, avalia Marcos Calliari, presidente da Ipsos no Brasil.
Apesar de solitário, Brasil segue solidário
Mesmo com as pessoas se sentindo sozinhas, há uma percepção de que os membros das comunidades locais estão mais solidários uns com os outros nos últimos seis meses. No Brasil, 36% concordam que a solidariedade aumentou. O índice global é de 32%. Os países que mais notaram crescimento na solidariedade foram China (55%), Índia (55%) e Arábia Saudita (51%). Em contrapartida, no Japão (10%), Rússia (13%) e Turquia (17%) a quantidade de pessoas que acham que o sentimento solidário cresceu no último semestre é relativamente menor.
A pesquisa on-line foi realizada com 23.004 pessoas com idade entre 16 e 74 anos de 28 países. Os dados foram colhidos entre 23 de dezembro de 2020 e 08 de janeiro de 2021 e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.