Superação de mãos dadas, 15 anos de luta contra o câncer de mama

Por Milena Costa

Um dos maiores medos de uma mulher é ser diagnosticada com câncer de mama, pois os seios têm uma ligação forte com a feminilidade e a maternidade. Quando isso acontece, a primeira sensação é de impotência e questionamento, porque, além das preocupações normais quanto a qualquer tumor, também podem surgir inseguranças em relação à aparência dela.
Foi através do mastologista Dr. Damasio Macedo Trindade que surgiu o grupo Amigas de Mãos Dadas.

Em 2006, ele solicitou à assistente social Flávia Regina Trevisan que encontrasse uma psicóloga para trabalhar com ele, pois muitas mulheres recebiam a notícia da doença e não retornavam mais por falta desse suporte. A partir disso, em 30 de junho daquele ano, essa corrente do bem teve início, coordenada pela assistente social Flávia Trevisan e pela psicóloga Marlise Bernd. O grupo era pequeno e, com o passar dos anos, foi aumentando: são 148 participantes, mas, no total, já foram acolhidas mais de 250 mulheres ao mesmo tempo.

“Nunca mais tinha conseguido falar com cada uma individualmente, e a pandemia me proporcionou isso”.

Atualmente, os encontros têm sido realizados no salão Nobre da Catedral São Luiz Gonzaga. Durante a pandemia, Flávia e Marlise tentaram manter o grupo unido – mesmo a distância, nunca deixaram qualquer integrante desamparada. “Nunca mais tinha conseguido falar com cada uma individualmente, e a pandemia me proporcionou isso”, comenta Flávia.

A importância do grupo

“Sempre tive muito apoio do meu marido, meus filhos, minha mãe, mas tem coisas que eu não queria conversar com eles, coisas que eles não entendiam”.

Regina Beatriz da Silva, 63 anos, descobriu a doença aos 48. Integrante desde a primeira reunião e hoje voluntária, ela conta que o grupo foi uma forma de apoio, onde podia desabafar assuntos com os quais não se sentia confortável falando para a família. “Sempre tive muito apoio do meu marido, meus filhos, minha mãe, mas tem coisas que eu não queria conversar com eles, coisas que eles não entendiam. Foi muito difícil me ver sem cabelo, e no dia em que a Marlise conseguiu uma peruca para mim, foi maravilhoso”, destaca ela.

“As pessoas falam que vou ficar bem, mas não estão na minha pele. Já no grupo é diferente, consigo me tranquilizar e sanar todas as minhas dúvidas e medos”.

Já Isabel Cristina Ferreira, 50 anos, está no estágio inicial da doença e juntou-se ao grupo recentemente. Ela conta que a descoberta do câncer foi sem querer. Em uma consulta de rotina com o dermatologista durante a campanha do Outubro Rosa, o médico perguntou se ela queria fazer a mamografia – ferramenta fundamental para o diagnóstico precoce. “Tenho muito apoio da minha família, mas, no grupo, temos a oportunidade de ouvir histórias de mulheres que já passaram por isso. As pessoas falam que vou ficar bem, mas não estão na minha pele. Já no grupo é diferente, consigo me tranquilizar e sanar todas as minhas dúvidas e medos”, destaca ela.

Neste mês, o grupo completa 15 anos e irá promover, no dia 30 de junho, uma comemoração no Salão Nobre da Catedral São Luiz, em Novo Hamburgo.

Foto: Milena da Costa/Divulgação | Fonte: Milena da Costa

 

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