A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) está avaliando os impactos da Lei nº 15.100/2025, sancionada em 13 de janeiro, que restringe o uso de celulares e outras tecnologias nas escolas brasileiras. A norma estabelece que o uso de dispositivos móveis em sala de aula deve ter um propósito pedagógico definido e planejado pelos professores, evitando que se tornem elementos de distração.
Com a volta às aulas, a medida será aplicada na prática, visando proteger a saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes e promover um ambiente de aprendizado mais equilibrado.
Impactos do uso excessivo de telas
O médico pediatra do Desenvolvimento e Comportamento e membro do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da SPRS, Renato Santos Coelho, ressaltou os efeitos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes nos últimos anos.
O que estamos vivenciando é reflexo de um contexto no qual o avanço da tecnologia tomou conta de nossas vidas. Esse fenômeno não é novo, vem ocorrendo desde a implantação e surgimento dos aparelhos de celular. Porém, durante a pandemia, esse quadro foi ampliado, uma vez que as crianças foram forçadas a se adaptar ao uso de tecnologias para a aprendizagem e entretenimento, mas o impacto disso foi sentido no consultório já em 2021, com aumento de problemas de aprendizado e atrasos no desenvolvimento”, afirma Renato Santos Coelho.
Segundo Coelho, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos nos primeiros anos de vida pode afetar o desenvolvimento da linguagem, da comunicação e das habilidades cognitivas das crianças, além de impactar negativamente seu comportamento. Estudos indicam que essa exposição precoce pode retardar o desenvolvimento cognitivo e emocional, afetando diretamente a comunicação.
Reflexão sobre o papel da tecnologia na educação
A nova legislação propõe, além da regulamentação do uso de celulares, uma reflexão sobre o impacto das tecnologias no aprendizado e na interação social dentro do ambiente escolar. O objetivo é conscientizar estudantes e professores sobre um uso equilibrado dos dispositivos digitais.
Acredito que o essencial é garantir que as crianças possam focar em sua aprendizagem de forma mais eficaz. A tecnologia, quando utilizada de maneira consciente e com um objetivo pedagógico, pode ser uma ferramenta poderosa. No entanto, quando usada de forma indiscriminada, pode prejudicar a atenção, a qualidade do sono e até afetar o comportamento das crianças, causando irritabilidade e dificuldades nas interações sociais”, destaca Renato Coelho.
A SPRS também reforça a importância do papel dos pais no controle do uso das tecnologias pelas crianças. Segundo a entidade, muitos adultos acabam servindo de modelo para os filhos, o que torna essencial que eles próprios façam um uso equilibrado dos dispositivos móveis.