Uma grande mobilização de serviços da Prefeitura de São Leopoldo foi feita na Operação Resgate Trilhos do Bem, voltada ao atendimento de pessoas em situação de rua na última segunda-feira, 31. A ação ocorreu simultaneamente com as prefeituras de Sapucaia do Sul, Esteio e Canoas. Em São Leopoldo, foram realizadas 68 abordagens.
No início da manhã, a secretária de Assistência Social e primeira-dama de São Leopoldo, Simone Dutra, organizou os grupos formados por representantes de diversos órgãos municipais e orientou sobre o trabalho na concentração realizada no estacionamento do Centro Administrativo. A Operação Resgate Trilhos do Bem seguiu durante a manhã e à tarde com abordagens no âmbito da rua, onde as equipes percorreram as estações, embaixo da linha elevada da Trensurb, BR-116, viadutos, pontes e praças. Já uma equipe atuou na Secretaria de Assistência Social (SAS) para acolher as pessoas que aceitaram atendimento. No local, preencheram o cadastro, foram servidos alimentos e realizados os primeiros atendimentos de saúde.
Simone Dutra falou que essa é a segunda etapa da operação, agora ampliada com a participação de outras prefeituras. “Nosso objetivo é detectar as pessoas que estão em situação de rua, descobrir pelo que estão passando e de forma humanizada e harmonizada entre as secretarias, encontrar uma solução para a vida de cada uma delas, atuando de forma simultânea com os municípios da região Metropolitana e Vale do Sinos”, afirmou.
O prefeito Heliomar Franco destacou a importância da ação e a forma como foi organizada. “Esta operação tem começo, meio e fim, a parte ostensiva de abordagem, o atendimento na rua e o atendimento na SAS para que tenham acolhimento para trabalho, aluguel social, entre outros serviços”, explicou. O prefeito também comentou sobre a relevância de outros municípios integrarem a ação, seguindo o exemplo de São Leopoldo. “É interessante ver que outros municípios estão organizando suas estruturas na mesma direção e isto faz com que os trilhos do bem ou os trilhos do trem, eles sirvam como elo entre os municípios nesta ação que vai trazer dignidade, vai devolver saúde. Vamos trabalhar com muita intensidade, com muito carinho e com muito zelo, para que no final do trabalho a gente possa celebrar”, ressaltou.
Os atendimentos foram voltados para a inclusão das pessoas no cadastro único, obtenção de documentos, encaminhamentos para república, ou aluguel social, atendimento de saúde com exames básicos e serviço psicossocial, acolhimento para vítimas de violência doméstica, encaminhamento para empregos e capacitações, entre outros programas sociais.
A secretária Simone Dutra projeta a adesão de Porto Alegre e Novo Hamburgo para a próxima etapa da Operação Resgate. “Nossa operação prevê a avaliação e o monitoramento dos casos atendidos para garantir efetividade nas soluções propostas, assim como a criação de um canal de comunicação entre os municípios para fortalecer a rede de apoio e assistência social”, ressalta.
O resultado esperado para esta operação, segundo a primeira-dama, é a redução de pessoas em situação de rua nos municípios participantes com a reintegração social e recuperação da dignidade destas pessoas por meio da moradia, trabalho e saúde. “O projeto com a interação de mais prefeituras visa o fortalecimento da política pública intermunicipal para atender esta população, criando um modelo de atuação contínuo e eficaz, garantindo que a abordagem humanizada se torne parte da estratégia permanente de cada cidade”, enfatiza.
Foram mobilizadas várias secretarias municipais para a operação de hoje, que foi coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS): Saúde, Políticas para Mulheres (Sepom), Direitos Humanos, Ouvidoria, Defesa Civil, Mobilidade e Serviços Urbanos, Habitação, Proteção Animal, Segurança Pública e Guarda Civil Municipal. A atividade iniciou pela manhã e seguiu durante a tarde com diversos atendimentos.
Abordagem no âmbito da rua
O grupo liderado pela vice-prefeita, Regina Caetano, ficou responsável pelo trecho entre o antigo Carrefour e a Estação Unisinos. As primeiras abordagens realizadas pela equipe ocorreram na elevada do trem, próximo ao mercado.
Deitado no chão, sem muitos pertences, estava Rian Silveira Cruz, 28, há sete meses nas ruas. Após perder a família em um acidente de trânsito, essa foi a alternativa que ele encontrou para lidar com a angústia do luto. “Sobrou só eu e minha irmã. Depois do acidente ela só se importou com a casa. Nossa mãe tinha morrido e ela queria falar de dinheiro. Eu não aguentei, decidi sair de lá”, explicou. Rian é natural de Novo Hamburgo e, apesar de não frequentar mais o local onde morava, contou que seus documentos e pertences permanecem lá.
Não foram necessários muitos argumentos da equipe para convencê-lo. Assim que a proposta de mudança de vida foi oferecida, ele respondeu com “eu quero! Vocês vão me levar agora?”. Juntou as poucas coisas que tinha e seguiu até o carro para ser encaminhado à república. “Ninguém deve viver em situações semelhantes a essa. Hoje estamos conhecendo a realidade dessas pessoas, ouvindo suas histórias e é inspirador ver quantas delas estão dispostas a dar esse primeiro passo em direção a mudança”, relatou a vice-prefeita.
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