Hospital Moinhos de Vento integra rede para receber pacientes traumatizados

Por Gabrielle Pacheco

No Brasil, causas externas – como acidentes, violência urbana e catástrofes – são as que mais matam pessoas até 39 anos de idade. O país ocupa o quinto lugar no ranking mundial de vítimas fatais no trânsito e, ano após ano, segue entre os 20 com os maiores índices de homicídios. Estima-se que, para cada morte, os hospitais tenham de 20 a 40 sobreviventes em tratamento. Os custos sociais e econômicos são incalculáveis.

O tema foi assunto do I Simpósio Cirurgia do Trauma – Atendimento Qualificado ao Traumatizado: Como Enfrentar este Desafio, realizado na última quinta-feira (12), no Hospital Moinhos de Vento. Médicos cirurgiões, intensivistas, enfermeiros e técnicos trocaram experiências e conheceram a realidade de outras regiões do estado e do Brasil, além de uma cidade dos Estados Unidos semelhante a Porto Alegre.

“Os países que mais conseguiram reduzir mortes e invalidez foram os que mais investiram em campanhas de conscientização”

Um problema de saúde pública

O cirurgião Tércio Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Trauma, falou sobre os problemas que o Brasil enfrenta hoje no atendimento a traumatizados. Falta de treinamento, de equipamentos e de um registro para ter dados mais precisos são alguns deles. O especialista considerou os acidentes de trânsito uma questão de saúde pública, sendo necessários investimentos pesados em prevenção. “Os países que mais conseguiram reduzir mortes e invalidez foram os que mais investiram em campanhas de conscientização”, afirmou.

O médico apresentou gráficos que apontam quase 50% de redução das mortes e dos gastos com tratamentos de politraumatizados em São Paulo nos últimos dez anos. A evolução acompanha os avanços na legislação, como as leis Seca, do ABS e do air-bag, além do Maio Amarelo e de outras campanhas de conscientização. “Ao mesmo tempo, aumentou o acesso das vítimas à cirurgia imediata, ampliando também as chances de recuperação”, ressaltou. O médico abordou o Plano Nacional de Catástrofes, criado para servir de referência em casos como o incêndio na boate Kiss e o rompimento da barragem em Brumadinho. “Temos de estar preparados e treinados. E esse treinamento tem que ser integrado: médicos, enfermeiros, técnicos, socorristas etc”, concluiu.

A experiência do cirurgião gaúcho Luiz Gonçalves Foernges, que hoje trabalha no Geisinger Medical Center, nos Estados Unidos, foi outro destaque da noite. No hospital da cidade de Danville, quase metade dos pacientes traumatizados são encaminhados de outras instituições. A realidade é muito diferente da brasileira. Com seis helicópteros e centros de trauma adulto e pediátrico, já recebeu quase três mil pacientes traumatizados para a realização de cirurgias em 2019. “Se esse sistema de encaminhamento acontecesse aqui, desafogaria os leitos no SUS”, disse.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
Publicidade

Você também pode gostar