No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, a crioblação recebe destaque de especialistas ao ser vista como uma alternativa minimamente invasiva no tratamento oncológico. O método, que utiliza temperaturas extremamente baixas para congelar e destruir tumores, tem avançado no Brasil e ampliado as possibilidades terapêuticas para pacientes. A KTR Medical é uma das empresas que introduziram essa tecnologia no país, utilizando o sistema IceCure, já aplicado no tratamento de tumores em órgãos como rim, mama, pulmão e ossos.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025, com o câncer de mama sendo o mais incidente entre as mulheres, totalizando 73 mil diagnósticos anuais. No cenário global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o câncer é uma das principais causas de morte, resultando em cerca de 10 milhões de óbitos anuais.
Diante desse contexto, a ampliação do acesso a tratamentos inovadores, como a crioblação, torna-se uma necessidade. “A crioblação permite um tratamento preciso e minimamente invasivo de diversos tipos de câncer, utilizando nitrogênio líquido para congelar os tumores a temperaturas que podem chegar até -60°C. Isso destrói as células tumorais de forma confiável, reduzindo significativamente a dor e o tempo de recuperação do paciente”, afirma o médico radiologista intervencionista Mauricio Liberato.
Diferenciais da técnica
Diferente de outros métodos ablativos, como radiofrequência e micro-ondas, que utilizam calor, a crioblação reduz o processo inflamatório pós-procedimento e pode estimular o sistema imunológico contra o tumor. Essa interação abre possibilidades para tratamentos combinados com imunoterapia, uma abordagem crescente na oncologia.
Outra vantagem é a visualização em tempo real da área tratada, garantindo maior segurança ao especialista. Por ser minimamente invasivo, o procedimento permite que muitos pacientes tenham alta no mesmo dia e retomem rapidamente suas atividades cotidianas.
Desafios e perspectivas
Apesar de estar disponível em hospitais particulares, a introdução da crioblação em instituições públicas representa um avanço no acesso à tecnologia. “A ampliação desse método no Brasil depende da capacitação de mais especialistas. Hoje, o treinamento adequado de radiologistas intervencionistas é um dos principais desafios para que a crioblação seja amplamente aplicada no país”, destaca Liberato.