Espetáculo Atravessamentos estreia neste sábado em formato audiovisual

Por Ester Ellwanger

Contemplado pela Lei Aldir Blanc, o espetáculo-performance Atravessamentos, do Circo Híbrido, estreia em formato audiovisual no próximo sábado, 28 de agosto, às 19h. Na sequência da apresentação, haverá uma mesa redonda aberta ao público, envolvendo todos os profissionais, a fim de fomentar o debate acerca do fazer artístico na pandemia. Ambas atividades podem ser acessadas pelo site http://circohibrido.com.br/atravessamentos.

Esta é a primeira vez que o Atravessamentos será apresentado no formato audiovisual. A montagem de arte circense, realizada a partir de uma residência artística que teve início em maio, terá a participação de artistas convidados de cinco cidades do RS (Viamão, São Lourenço do Sul, Canela, Porto Alegre e Novo Hamburgo), que trabalham com diferentes técnicas, bagagens artísticas, criando produções artísticas inéditas.

Atravessamentos

Nesta edição, a iniciativa tem como objetivo refletir sobre o processo de criação artística em isolamento e sobre a transposição dessas criações para possíveis lugares de performance. E, na ausência de espaços cênicos, experimentar o espaço urbano e suas possibilidades em tempos de pandemia. Como desdobramento, o Atravessamentos acaba também sendo uma reflexão sobre o papel da produção artística na rotina de quem atravessa a cidade e presencia o registro dessa performance, e de quem será tocado por ela pelo vídeo. Em cena, os artistas dialogam a partir de suas trajetórias pessoais e artísticas, motivados pelos afetos e o contexto que os rodeiam, trazendo histórias que se cruzam e se conectam.

O espetáculo costura performances individuais, deixando transparecer vestígios dos diferentes processos de criação experimentados pelos artistas que se propuseram a repensar a performance – dentro e fora de casa.

O fazer artístico em formato audiovisual

Segundo Lara Rocho, uma das diretoras do espetáculo Atravessamentos, “a nossa experiência com fazer circo no audiovisual foi desencadeada muito mais por uma imposição desse contexto de pandemia, do que por vontade própria e interesse genuíno em pesquisar, performar e dirigir para o vídeo.”

Para ela, o formato audiovisual torna possível selecionar os melhores momentos da performance e encadeá-los da maneira mais interessante, excluindo ou minimizando as fragilidades e, na contramão, colocando em evidência aquilo que é potência. No entanto, “perde-se a inenarrável experiência de estar em cena diante de uma plateia – seja ela grande ou pequena – e encará-la como quem encara um imenso dragão – como diria o dramaturgo Daniele Finzi Pasca”.

Diante da plateia, o artista estabelece uma conexão que só pertence ao plano da presença. “A arte enquanto performance e experiência presente é coisa que não pode ser descrita, apenas experienciada, sentida. É, portanto, coisa única, uma brecha no espaço-tempo”. Por outro lado, a democratização do acesso às produções artísticas através do audiovisual possibilita maior alcance.

“De tudo, o que mais me surpreendeu nessa experiência foi perceber o quanto, falando em termos de concepção e direção, não temos noção do produto final até que ele esteja de fato pronto. Enquanto artista e diretora, tenho uma ideia, imagino cenas, gestos, fotografias, mas, tudo isso é captado e editado por uma equipe de indivíduos que partilha comigo o processo de criação. Nesse sentido, a autoria da obra é tanto de quem tem a ideia, escreve o projeto, pensa o roteiro de cenas; quanto de quem edita o material produzido dando origem a um vídeo-espetáculo”, conclui Lara.

Foto: Sal Fotografia /Divulgação | Fonte: Assessoria
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