Vivendo um de seus melhores momentos na história do país, o setor vitivinícola brasileiro esbarra num problema que não é novidade. Assim, diante do aumento do consumo de vinhos durante a pandemia, a falta de garrafas de vidro tem comprometido as vendas do setor, prejudicando tanto a indústria quanto o consumidor de vinhos. Com isso e cumprindo seu papel de defender os interesses de seus associados, a Uvibra vem atuando fortemente na busca de investidores com a intenção de trazer para o Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% da produção nacional, uma nova fábrica de vasilhames.
Assim, a primeira reunião fruto deste trabalho ocorreu na última quinta-feira (3), com um grupo de empresas que têm interesse no investimento na Serra Gaúcha. Conforme informações da Uvibra, entre os principais atrativos da Serra está a existência de dutos de gás na região e a facilidade logística, por estar junto ao maior polo de produção vitivinícola do Brasil. Agora, a entidade vai trabalhar para levantar dados precisos sobre demanda, para o andamento das negociações. No encontro, via plataforma zoom, estavam representando a Uvibra o presidente Deunir Argenta, além de Danilo Cavagni e Hermínio Ficagna. Já epresentando as empresas, estavam Edson Rossi da Vidroporto e Renato Massara, da Wheaton, ambas de São Paulo, e Mauro Martini da gaúcha Lavras Mineral.
Dificuldades do setor
Em paralelo, a Uvibra também conta com o apoio do Governo do Estado, que designou o Secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, para ajudar na viabilização de parceiros. Assim, a interlocução entre a Uvibra e a Secretaria está sendo feita por Davi Da Rold. O resultado já se confirma em uma reunião que está agendada para a próxima semana com um fundo de investimentos americano. “O problema é sério. Mesmo quando o setor estava estagnado já faltavam garrafas. Além disso, com a pandemia tivemos a ‘Safra das Safras’ e depois, favorecidos por diversos fatores, vimos o consumo dos vinhos nacionais despontar”, aponta o presidente da Uvibra. “Também já fomos informados de que 2021 inicia com aumento no preço dos vasilhames, além de saber que a demanda continuará não sendo 100% atendida. Ou seja, dinheiro não resolve o problema”, lamenta Argenta, lembrando que a prioridade dos fornecedores é o setor cervejeiro, onde estão concentrados os grandes volumes.
Com isso, as vinícolas brasileiras se obrigam a importar garrafas da Argentina e do Chile, aumentando o custo final do produto em razão da alta do dólar, do frete em razão do distanciamento, além da demora na entrega. Mesmo o assunto avançando e tendo definições rápidas e satisfatórias, tanto burocráticas quanto operacionais, uma nova fábrica de garrafas de vidro levaria cerca de 2 anos para ser construída e entrar em operação.