Unimed Talks: Cientista britânica defende envelhecimento com qualidade de vida em palestra sobre longevidade

Por Marina Klein Telles

O debate sobre a longevidade ganhou protagonismo na palestra que a cientista britânica Linda Partridge conduziu nesta segunda-feira (13), na capital gaúcha, em evento realizado pela Unimed Porto Alegre. Autoridade mundial no assunto, ela foi a convidada especial do Unimed Talks, que recebeu médicos cooperados, clientes, representantes de entidades e órgãos públicos, além de formadores de opinião para um bate-papo com a curadoria do Fronteiras do Pensamento e apoio da Associação Brasileira de Medicina e do The Future of Medicine.

Antecedendo a fala da especialista, coube ao presidente da Unimed Porto Alegre, Marcio Pizzato, realizar a introdução do tema que tem sido discutido na cooperativa médica nos últimos anos. “A longevidade é o futuro da saúde, mas não podemos focar apenas em adicionar anos à vida. A meta é garantir anos com saúde e qualidade de vida. Muitos dos problemas de saúde que enfrentamos hoje podem ser prevenidos ou retardados com a ação de hábitos saudáveis e o controle de fatores de risco, como o tabagismo, o sedentarismo e a má alimentação.”, salientou.

Pizzato também destacou o propósito da Unimed Porto Alegre na forma de cuidar das pessoas. “Mais do que oferecer planos de saúde, queremos ser parceiros na jornada de saúde em todas as fases da vida, com ações de prevenção, tratamento e reabilitação. Nosso objetivo é reduzir riscos, garantir o acesso certo na hora certa e promover o bem-estar para manter a sustentabilidade do sistema”, argumentou. Na sequência, o consultor internacional em Saúde Digital e curador do “The Future of Medicine”, Jefferson Fernandes, subiu ao palco para apresentar a palestrante.

Longevidade com qualidade de vida

Linda Partridge, professora no University College London e membro da Royal Society, compartilhou suas descobertas que vêm transformando a compreensão do envelhecimento. Ela dedica sua carreira a investigar como é possível viver mais com saúde e qualidade de vida.

Na conferência, Linda mostrou como a ciência está redesenhando o futuro do cuidado, destacando que o estudo da longevidade é uma grande oportunidade de construir vidas mais plenas e saudáveis. Para ela, só olhar com otimismo para o crescimento da expectativa de vida das pessoas não basta, é preciso focar na qualidade dos anos vividos. “Hoje em dia, o avanço da idade é o principal fator de risco para a maioria das doenças. Estamos vivendo mais, mas o tempo de vida saudável não está acompanhando esse movimento. Como consequência, estamos enfrentando doenças por um período prolongado”, salientou.

Em seu estudo, a especialista mostrou como o envelhecimento pode ser retardado e melhor aproveitado a partir de mecanismos específicos oriundos da própria condição biológica e hábitos saudáveis das pessoas, gerando impacto direto na longevidade e na qualidade de vida. “O envelhecimento é extremamente maleável. Envelhecer não é inevitável, como mostra a biologia. Hoje o genoma do tubarão-da-groenlândia, que pode viver por mais de 400 anos, está sendo sequenciado para nos ajudar a descobrir mecanismos de reparo de DNA que podem ser aplicados à prevenção do envelhecimento humano”, celebrou.

Linda também abordou como o avanço da inteligência artificial pode impactar nos estudos sobre envelhecimento. “As IAs e a própria robótica podem encontrar inúmeros padrões por meio da análise cruzada de dados, nos ajudando a entender quais são os fatores de risco para cada tipo de doença em determinada pessoa”, frisou.

Outro fator relevante, na visão da cientista, é a influência dos hábitos e condições de vida, cada vez mais divergentes ao redor do mundo. Estudos mostram que a desvantagem social (baixa escolaridade, renda, ocupação, local de moradia etc.) aumenta o risco de 66 das 83 doenças associadas ao envelhecimento, sendo as mais comuns os distúrbios metabólicos, hepáticos, circulatórios, infecciosos e neurodegenerativos.

Segundo a britânica, o aumento da longevidade com qualidade de vida depende de uma combinação de ações que envolve hábitos saudáveis, políticas públicas, exercícios físicos regulares e um olhar criterioso sobre medicamentos e fármacos pois, ainda que existam estudos promissores envolvendo substâncias como rapamicina e trametinibe, as pessoas ainda estão expostas a muitas drogas com oferta injustificada. “Infelizmente, hoje entramos nas farmácias e vemos muitos medicamentos sem evidências concretas que justifiquem sua oferta à sociedade”, concluiu.

Após a fala da palestrante, o superintendente-geral da Unimed Porto Alegre, Marcelo Hartmann, realizou o fechamento do evento chamando a atenção para a necessidade de um sistema de saúde sustentável. “Viver mais é uma das maiores conquistas da humanidade. Mas, para que essa conquista seja acessível a todos, é preciso repensar a forma como cuidamos. Um sistema de saúde sustentável é aquele que investe em prevenção, utiliza recursos com inteligência, evita desperdícios e oferece o cuidado certo, no momento certo, pelo motivo certo. É sobre assegurar a saúde das pessoas, mas também a saúde do próprio sistema. Para que ele seja capaz de continuar existindo, evoluindo e servindo com responsabilidade”, disse.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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