The South Base: missão gaúcha aos EUA quer reconquistar espaço no varejo americano

Por Marina Klein Telles

O movimento The South Base promoveu no início da tarde da quarta-feira, 9 de julho, uma coletiva de imprensa para tratar de diversos temas. O evento que ocorreu na sede do IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos, abordou a participação do The South Base na FDRA Shoe Sourcing Executive Summit 2025, em Nova Iorque; as capacitações que estão sendo realizadas junto a fabricantes calçadistas e novas ações do projeto estão entre os temas destacados na coletiva.

O The South Base surgiu em dezembro de 2023, a partir de uma iniciativa de empresários gaúchos, com o objetivo de impulsionar o setor calçadista do Rio Grande do Sul. O movimento nasceu no âmbito do Programa Líder do Sebrae RS, que forneceu a metodologia para sua estruturação. A proposta é reunir fabricantes, fornecedores e prestadores de serviço que, de forma voluntária, compartilham tempo e conhecimento visando ao fortalecimento comercial das fábricas e do cluster coureiro-calçadista regional. “Agora teremos a oportunidade de falar ao vivo para os principais compradores mundiais de calçados, em Nova York!”, comemora Marlos Schmidt, atual presidente do movimento.

Representando o The South Base no evento norte-americano estarão Christian Thomas, membro do Conselho Estratégico do movimento e diretor da CT Shoe Solutions, e Karin Becker, gestora comercial do IBTeC. O FDRA Shoe Sourcing Executive Summit acontece no dia 16 de julho, na sede da Bolsa de Valores de Nova York.

Reposicionamento no mercado americano

“O Brasil perdeu espaço no mercado americano desde os anos 1980, quando o consumo passou a se concentrar na Ásia. O The South Base busca recuperar esse protagonismo”, afirmou Christian Thomas. “Dos dois bilhões de pares consumidos pelos Estados Unidos em 2023, apenas 11 milhões foram produzidos no Brasil”, destacou. Para ele, mais importante do que competir em preço com a Ásia é reposicionar o calçado brasileiro no mercado internacional.

“Nós queremos mostrar a eles que somos a base no sul do continente, e que apesar de não podermos concorrer em termos de valor com a China, as negociações permitem um envio muito mais rápido com testes de lojas que não demandam pedidos em volumes excêntricos. Se a China para fechar uma venda demanda a exportação de 10 mil pares, nós iniciamos o teste de loja com mil pares e o envio em 10 dias. Tornando a recorrência de pedidos de fácil acesso e logística expressa”, destacou Marlos, apontando algumas das vantagens a serem elencadas na palestra aos norte-americanos.

Capacitações inéditas

As capacitações voltadas ao mercado americano são outro destaque da iniciativa. Segundo Marlos, trata-se de um marco para o setor calçadista do estado. “Nunca houve uma capacitação com esse foco: perfil do consumidor americano, private label e consultorias diretas nas empresas. Temos fábricas com grande capacidade e outras com forte intenção de crescer. Nosso objetivo é garantir o êxito nessa jornada”, afirma. Das 25 vagas inicialmente abertas, 16 empresas já estão participando.

Karin Becker destaca o caráter personalizado da formação: “Nosso objetivo é entender o estágio de cada empresa e oferecer uma capacitação sob medida. Abordamos temas fundamentais para o mercado internacional, como sustentabilidade, compliance, ESG e adequações industriais.”

Incertezas no cenário internacional

Na noite do dia 9 de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto, caso não haja acordo comercial. A medida trouxe incertezas para os planos do setor calçadista gaúcho.

Em seu planejamento estratégico para 2025, o IBTeC definiu os Estados Unidos como mercado prioritário para a expansão das exportações e produção local. Para isso, ações como a filiação do The South Base à FDRA e a qualificação dos gestores fazem parte da estratégia. Ainda não é possível avaliar os impactos diretos da nova taxação sobre o movimento.

A coletiva contou com o apoio da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha e Ivoti (ACI), Sebrae RS, Fenac, IBTeC, Sindicato da Indústria de Calçados de Igrejinha, Sindicato da Indústria de Calçados de Novo Hamburgo e Sindicato da Indústria de Calçados de Três Coroas.

Foto e texto: Marina Telles/Revista Expansão
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