Os vereadores de Novo Hamburgo aprovaram, em sessão plenária nesta semana, uma moção de protesto contra o projeto de concessão de rodovias anunciado pelo governador Eduardo Leite (PSD) no dia 28 de outubro. O chamado Bloco 1 prevê a instalação de mais de 20 praças de pedágio em vias como a ERS-239 e a ERS-115, que conectam municípios do Vale do Sinos, Paranhana e Região Metropolitana. A iniciativa, segundo os parlamentares, pode elevar o custo do transporte e afetar a competitividade econômica regional.
O presidente do legislativo hamburguense, vereador Cristiano Coller (PP), autor da moção assinada por outros 12 parlamentares, considera a medida “precipitada, onerosa e prejudicial ao desenvolvimento regional”. O parlamentar lembrou que, desde as enchentes de 2024, a região enfrenta severos impactos econômicos e estruturais, o que tornaria inadequado o momento para a criação de novas cobranças. “O momento atual é inoportuno para a implementação de cobranças adicionais sobre a mobilidade e a economia regional. Cabe a esta Câmara representar a voz da comunidade hamburguense e zelar por decisões públicas que promovam justiça, equilíbrio e desenvolvimento sustentável”, afirmou Coller, reforçando o apoio do Parlamento às manifestações regionais contrárias à proposta.
Custo do transporte e pedágio Free Flow em debate
O presidente da Câmara hamburguense destacou ainda que o aumento dos custos de transporte e de produção impacta especialmente as pequenas e médias empresas, principais geradoras de empregos locais. “Não podemos aceitar que a população da nossa região, já sobrecarregada com tantos desafios, tenha que arcar com custos adicionais no transporte diário, na movimentação de mercadorias e na atividade produtiva”, afirmou Coller, conclamando a sociedade a pressionar os deputados estaduais pela rejeição do projeto.
Na mesma linha, o vereador Juliano Souto (PL) relatou ter recebido diversas multas no sistema Free Flow antes do prazo regulamentar de 30 dias, após viagem a São Domingos do Sul, e alertou que o modelo pode causar prejuízos às empresas da região. Já o vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB) classificou como excessivos os valores previstos pelo programa, citando o deslocamento até Farroupilha, que poderia custar R$ 46, ida e volta. “Certamente o Rio Grande do Sul entrará no ranking dos pedágios mais caros do país”, afirmou o parlamentar, criticando ainda o modelo de concessão que permite cobrança antes dos investimentos.
Críticas ao modelo de concessão
O vereador Eliton Ávila (Podemos) destacou que o trecho da RS-239 até Taquara poderá custar R$ 14, mesmo após investimentos municipais superiores a R$ 1 milhão na iluminação da rodovia. “É muito fácil pegar um trecho de rodovia pronto e realizar a concessão”, observou Ávila.
Ricardo Ritter – Ica (MDB) chamou atenção para o aumento de dois mil por cento no valor da multa aplicada no sistema Free Flow e informou que as seis praças em operação já geraram mais de um milhão de infrações.
A vereadora Professora Luciana Martins (PT) criticou a proposta diante da crise enfrentada pelo estado após as enchentes. “É inaceitável impor novos custos a uma população que ainda está reconstruindo casas, escolas e empregos”, expressou a parlamentar petista, afirmando ainda que o governo ignora a realidade social e econômica da população.
Encaminhamentos
A Moção nº 59/2025, aprovada em plenário, será encaminhada ao governador Eduardo Leite, ao secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, ao secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, Marcelo Caumo, ao secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, à secretária de Planejamento, Governança e Gestão, Danielle Calazans, e ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas.
O documento foi assinado pelos vereadores Cristiano Coller (PP), Deza Guerreiro (PP), Eliton Ávila (Podemos), Enio Brizola (PT), Felipe Kuhn Braun (PSDB), Giovani Caju (PP), Ico Heming (Podemos), Ito Luciano (Podemos), Joelson de Araújo (Republicanos), Juliano Souto (PL), Nor Boeno (MDB), Professora Luciana Martins (PT) e Ricardo Ritter – Ica (MDB).
O que é uma moção
A moção é o instrumento pelo qual a Câmara manifesta apoio ou repúdio a ações e decisões públicas. O documento é votado em turno único e, quando aprovado, cópias são encaminhadas às pessoas ou órgãos envolvidos.

