O jornal Diário Popular, de Pelotas, anunciou nesta terça-feira (11) o fim de suas atividades. Fundado em 27 de agosto de 1890, o veículo atuou por 133 anos e foi foi considerado por anos o principal jornal diário da região sul gaúcha. O processo de encerramento contou com a assessoria do escritório MSC Advogados.
De acordo com a diretora-superintendente do Diário Popular, Virgínia Fetter, questões envolvendo serviços terceirizados resultaram na ruína das finanças da empresa, somados aos prejuízos causados pela catástrofe climática de maio, pela pandemia e pelas revoluções dentro do jornalismo. “Estamos até hoje pagando caro o preço desses problemas. Agora, com as enchentes, fizemos o impresso apenas nos últimos finais de semana, em Cachoeira do Sul. Foi uma tentativa que não deu certo. A nova logística não colaborou para a chegada do jornal no horário habitual, gerando insatisfações”, lamenta a arquiteta que, há 28 anos, se dedica ao negócio, dando sequência à administração de seu avô, Adolfo Fetter, e de seu pai, Edmar Fetter.
A empresária relata que, nos últimos anos, foi necessário, inclusive, injetar grandes quantias de recursos próprios e obter empréstimos para manter as operações e honrar os compromissos com os colaboradores. Apesar dos esforços, a situação se tornou insustentável, obrigando o fim da publicação, que estava há três gerações na família. “Por ser um jornal prestador de serviços à comunidade, não foram raras as vezes em que ele foi confundido com órgão público. Faço questão de deixar claro que nunca contamos com ajuda financeira de nenhum órgão governamental. Sempre fomos iniciativa privada mantida por acionistas, assinantes e verbas publicitárias. Nossa dedicação exclusiva com o apoio do trabalho de nossos colaboradores foram as únicas forças propulsoras que fizeram movimentar as bobinas e rodar as máquinas”, comenta Virgínia.
Autofalência
Para honrar o legado do Diário Popular, Virgínia contou com a consultoria do escritório MSC Advogados a fim de buscar maneiras de encerrar as atividades de forma responsável e respeitosa. Um ativo que está sendo disponibilizado para a quitação dos débitos é o prédio que hoje abriga todos os setores da empresa, com valor estimado de R$ 2,9 milhões. “Esse processo permite que a própria empresa que, atualmente, contava com 58 colaboradores diretos, encerre suas atividades de forma controlada, tendo como objetivo liquidar seus ativos e quitar suas dívidas. Isso irá beneficiar tanto a empresa, que consegue encerrar suas atividades de maneira regular, como os credores, que têm a chance de receber o que é devido. É uma atitude responsável e que encerra com dignidade uma história de mais de um século”, esclarece o sócio do escritório MSC, Guilherme Caprara.