Em missão oficial na Estônia, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB), apresentou nesta quinta-feira (29) as ações emergenciais adotadas pelo governo estadual durante as enchentes de 2024. O destaque foi a tecnologia desenvolvida por equipes do estado para identificar rapidamente as áreas e pessoas afetadas, permitindo o repasse de ajuda financeira em tempo recorde. A apresentação ocorreu durante a 11ª edição da e-Governance Conference, em Tallinn, evento internacional voltado à transformação digital no setor público.
A principal ferramenta apresentada foi o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP RS), sistema desenvolvido pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), que cruzou dados de diversas fontes para mapear com precisão as áreas atingidas por enchentes em abril e maio de 2024. O sistema usou imagens de satélite, análise de topografia e hidrografia para identificar ruas, residências, empresas e equipamentos públicos diretamente afetados. “O MUP RS permitiu que, em apenas 15 dias, conseguíssemos chegar até quem mais precisava. Não foi necessário esperar que as pessoas pedissem ajuda — nós já sabíamos quem eram as vítimas e fomos diretamente até elas”, explicou o vice-governador durante o painel.
Tecnologia que antecipa ações e garante agilidade
Com base no cruzamento dos dados do MUP RS com o Cadastro Único (CadÚnico), o governo estadual repassou cerca de R$ 900 milhões em ajuda financeira a mais de 170 mil famílias. Só o programa Volta Por Cima atendeu 100 mil famílias com um auxílio emergencial de R$ 2,5 mil. “Não houve necessidade de solicitação formal, o sistema já sabia quem precisava de ajuda”, reforçou Gabriel Souza.
Além disso, foram utilizados programas como SOS Rio Grande do Sul, que arrecadou R$ 140 milhões em doações, MEI RS Calamidades, com recursos para pequenos empreendedores, e o Pronampe Gaúcho, crédito subsidiado via Banrisul para empresas afetadas. Houve também o investimento de meio bilhão de reais em moradias, por meio da Estratégia Integrada de Habitação.
Plano Rio Grande: política de estado e reconstrução
Durante sua participação no evento, Souza também apresentou o Plano Rio Grande, uma política de Estado que articula medidas de curto, médio e longo prazo para reconstrução e adaptação às mudanças climáticas. “Trata-se de um plano estruturado para lidar com a crise climática atual e preparar a sociedade para futuras emergências. Ele nos guia em cinco eixos: preparação, resposta, recuperação, diagnóstico e resiliência”, explicou o vice-governador.
Coordenado pelo governador Eduardo Leite (PSD) e pelo próprio Gabriel Souza, o plano envolve mais de 40 especialistas e contempla o maior investimento público da história do estado: cerca de R$ 7,3 bilhões. O modelo de governança inclui o Conselho do Plano Rio Grande, presidido por Souza, que atua por meio de câmaras temáticas organizadas por áreas como saúde, meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento social.
Reconhecimento internacional do uso de tecnologia pública
A participação do vice-governador na e-Governance Conference reforça a visibilidade internacional que o Rio Grande do Sul vem ganhando pelo uso inovador de tecnologia e dados na gestão pública. O MUP RS é exemplo de como ferramentas digitais, aliadas a políticas públicas eficazes, podem fazer a diferença na resposta a crises e na construção de um estado mais resiliente. “Estamos colocando a tecnologia a serviço das pessoas. Essa experiência mostra que governos podem ser rápidos, eficazes e humanos quando têm as ferramentas certas”, concluiu Gabriel Souza.