O número de empresas inadimplentes na região sul do país cresceu 8,1% no período de março de 2024 a março de 2025, de acordo com levantamento divulgado pela Federação Varejista do Rio Grande do Sul, baseado em dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O índice é o segundo mais alto de todo o Brasil, ficando atrás apenas da região centro-oeste, que registrou aumento de 14,61%. No outro extremo, o nordeste apresentou a menor taxa de crescimento, com 4,62%. O levantamento mostra que o crescimento da inadimplência no sul também ficou acima da média nacional, que foi de 7,57%.
Especificamente no mês de março, os três estados sulistas — Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná — tiveram alta de 2,66% no número de empresas inadimplentes, enquanto a média do Brasil foi de 2,11%. O Centro-Oeste, que teve o segundo pior desempenho mensal, cresceu 2,28%.
Enchentes agravam a situação gaúcha
O presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Ivonei Pioner, afirma que há três anos os indicadores de endividamento de CPFs e CNPJs vêm crescendo acima do ritmo considerado orgânico, que acompanha a evolução da população e da abertura de empresas. “Há muito tempo o SPC Brasil monitora o endividamento de CPFs e CNPJs, e normalmente os indicadores têm uma linha de crescimento que é orgânica, atrelada ao número da população ou de abertura de empresas. Porém, há cerca de três anos, estamos verificando um descolamento dessa curva progressiva de endividamento superior ao patamar orgânico”, explica o dirigente.
Segundo Pioner, fatores pontuais, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, contribuem para o agravamento do cenário. “O endividamento das empresas preocupa porque, depois que elas se tornam deficitárias, acabam encontrando inúmeros problemas para a tomada de crédito e expansão”, destaca o presidente da entidade.
O dirigente acrescenta que a elevação da inadimplência em níveis superiores à média nacional é motivo de alerta. “Esse cenário nos mobiliza para lutar ainda mais fortemente junto ao governo por negociações de dívidas facilitadas, condições melhoradas para quem está devendo ou mesmo busca de concessão de crédito, e até mesmo de valores junto às instituições financeiras subsidiados ou pelo menos com uma taxa favorável para que haja uma recuperação dessas empresas. A Federação Varejista tem articulado junto aos órgãos competentes para que a economia gaúcha continue girando de forma pujante. Caso contrário, a retração de mercado vai complicar ainda mais e trazer um endividamento ainda maior desses CNPJs comprometidos”, afirma Pioner.
Setor de serviços concentra mais inadimplentes
O levantamento da CNDL e do SPC Brasil aponta ainda que o país teve aumento de 51,17% na inclusão de empresas com tempo de inadimplência entre 3 e 4 anos, na comparação com março de 2024. Do total de empresas negativadas, 40,31% estão inadimplentes há entre 1 e 3 anos.
O setor de serviços concentra quase 75% das empresas inadimplentes no país, enquanto o agronegócio representa a menor fatia entre os segmentos devedores. Apesar disso, março apresentou um recuo de 8,80%, o menor do primeiro trimestre.