Em discussão desde 2015 na Europa e em países como os Estados Unidos, o ESG só ganhou espaço entre as companhias brasileiras em 2020, devido, principalmente, ao alerta global que a pandemia trouxe. Em meio à crise sanitária instalada, muitas empresas perceberam que, antes do lucro, estão as pessoas. E foi isso que deu destaque ao ESG.
A pandemia foi apenas o pontapé inicial. Outros fatores como a Nova Economia, a pressão dos consumidores por produtos conscientes, desastres ambientais e climáticos também ajudam a explicar a popularização da sustentabilidade e da governança. Mas, principalmente, o entendimento de muitos líderes de que investir no ESG é bom para os negócios, ajuda a aumentar o lucro no longo prazo e ainda traz benefícios para todos.
Quais as vantagens de adotar práticas conscientes nos negócios?
Os colíderes da Filial Regional do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) no Rio Grande do Sul, Eliane Davila e Solon Stahl, explicam 5 vantagens que a adoção de práticas conscientes e sustentáveis traz para o negócio.
1 – Maior retorno a longo prazo
“Empresas conscientes e sustentáveis têm, comprovadamente, um lucro maior no longo prazo”, afirma Solon Stahl. Uma pesquisa feita por Raj Sisodia e John Mackey, publicadas no livro Capitalismo Consciente – como libertar o espírito heroico dos negócios, demonstram que empresas conscientes tiveram 1.600% mais retorno do que as companhias listadas na S&P 500. Isso significa que é possível ser consciente e sustentável e ainda ganhar mais dinheiro.
2 – Maior identificação e fidelização de cliente
“Empresas que estão olhando apenas para o lucro, sem se preocupar em gerar impacto socioambiental positivo, terão mais dificuldades no futuro. Atualmente, há uma pressão social para que cada organização reflita sobre seu papel e sobre como pode contribuir para a construção de um mundo melhor”, ressalta Eliane Davila. As empresas têm lidado com consumidores cada vez mais exigentes e preocupados com questões sociais e ambientais. Diante desse cenário, organizações que são verdadeiramente conscientes e sustentáveis conseguem fazer com que o cliente se aproxime, se identifique e confie na marca, fidelizando-o. Ele passa a ser um admirador e até um fã da empresa, quando percebe que esta é ética e transparente.
3 – Legado e geração de valor para stakeholders
Não são mais só os acionistas e os números que importam. “Toda empresa quer gerar lucro e não há nenhum problema nisso. Mas este não pode ser seu único propósito. Ela precisa assumir um papel como agente transformador e pensar no impacto gerado para a posterioridade”, ressalta Stahl. Empresas com propósitos que vão além dos resultados financeiros, geram impacto e constroem legado, mantendo uma imagem positiva por longos anos. “Além disso, possuem menores taxas de turnover e conseguem reter talentos, pois fazem com que os colaboradores sintam-se como parte (importante) do negócio”, complementa Eliane.
4 – Prerrogativa para receber investimentos
E não são só os consumidores que estão ficando mais exigentes, os investidores também. “Num futuro não muito distante, a adoção do ESG será uma prerrogativa para investimentos. Basta ver o número de investidores que já têm priorizado aplicar recursos em negócios sustentáveis”, alerta Stahl. Hoje, estima-se que cerca de 30 trilhões de dólares estão sob a gestão de fundos que destinam dinheiro apenas para empresas deste tipo. Ou seja, principalmente se tratando de companhias que possuem capital aberto na bolsa de valores, implementar a agenda ESG pode aumentar as chances de atrair bons investimentos.
5 – Resiliência e reputação corporativa sólida
“Empresas conscientes e sustentáveis têm uma proximidade e uma confiança maior dos seus stakeholders, sejam eles clientes, colaboradores ou parceiros”, destaca Eliane. Na prática, isso ajuda a construir uma imagem mais positiva e uma reputação corporativa sólida, capaz de blindar a organização durante momentos de crises e torná-la mais resiliente frente a desafios que possam surgir.