Os prejuízos no varejo da alta significativa no preço da energia elétrica da concessionária CEEE poderão ser sentidos pelo comércio sob dois aspectos. Um deles é o aumento do custo em cada estabelecimento. O outro, é através da perda de poder de compra do consumidor já afetada por uma série de outros fatores econômicos.
Com a entrada em vigor, ainda em dezembro, do aumento do preço da energia elétrica da concessionária CEEE, os consumidores de 72 municípios gaúchos, passaram a pagar, em média, 30% a mais pela eletricidade. Esta majoração atinge diretamente 1,6 milhão de unidades consumidoras – entre empresas e residências – ou 4,8 milhões de pessoas, segundo informações da própria empresa.
Segundo o departamento de pesquisas da FCDL-RS, no caso dos preços ao consumidor, sabe-se – através do IPCA-RS – que o gasto médio das famílias com a CEEE corresponde a 3,42% dos ganhos. Considerando o salário médio da Região Metropolitana de Porto Alegre de R$ 3.089,82 (estimativa de 2017) e um padrão de 1,5 pessoas gerando renda por moradia, o dispêndio efetivo com energia elétrica residencial é de R$158,50 por unidade.
Com o aumento de 29,33% (percentual exato para a energia residencial) e levando em conta que o consumo de energia não tende a variar de maneira relevante pela alta de preço, dada a sua essencialidade, teremos uma majoração de gasto médio com o energético da ordem de R$ 46,50 por residência, valor este que deixará de ser gasto em outros segmentos do consumo, como alimentos, produtos farmacêuticos e vestuário, entre outros.
“A FCDL-RS entende que o crescimento da carga de custos provenientes do Estado acaba atingindo famílias e empresas, o que limita as perspectivas de retomada do desenvolvimento econômico. O Brasil é um dos países com maior custo energético do mundo, apesar de nossa grande abundância de recursos de geração de eletricidade, inclusive renováveis”, afirma o presidente da FCDL-RS, Vitor Koch.
O maior peso efetivo vai ser na indústria (alta de 33,54%), consumidora mais intensiva de energia elétrica, chegando em alguns gêneros a representar 40% do custo operacional. Por ano, o comprometimento orçamentário adicional das famílias com o custo de energia, chegará a patamares próximos de R$ 558,00.
No comércio, a repercussão da alta em questão (29,29%) dependerá do ramo de atividade, pesando mais em estabelecimentos que fazem uso mais intensivo da cadeia do frio (uso intensivo de refrigeração de alimentos, especialmente) e ambientação de temperatura para os clientes.