Mais de 50 lideranças do setor de publicidade do Rio Grande do Sul se reuniram na quinta-feira (26), em Porto Alegre, para discutir os impactos da inteligência artificial (IA) nas agências e na indústria criativa. O evento foi promovido pelo Sistema Nacional das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS), na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), como parte do fórum Frente a Frente.
Com o tema “Inteligência Artificial e a Cultura da Mudança nas Agências”, o fórum abordou como a tecnologia vem alterando o cotidiano, os processos e o perfil dos profissionais das agências. “Oportunizamos um debate essencial sobre o impacto da IA no dia a dia das agências. Mais do que tecnologia, o destaque foi para as pessoas, e isso ficou evidente com mais de 50 líderes das principais agências do RS reunidos em um encontro que revela a maturidade de um mercado que escolhe evoluir de forma coletiva”, afirmou o presidente do Sinapro-RS, Juliano Brenner Hennemann.
Transformações nos negócios e nas relações com clientes
Três painelistas compartilharam as experiências de suas agências. O fundador e CEO da Global, Alexandre Skowronsky, destacou três grandes frentes de impacto da IA: tecnológica, cultural e regulatória. “Desde o advento da internet é a tecnologia mais transformadora que tivemos e o nosso setor está no epicentro desta virada de era. Podemos fazer uma analogia com o automóvel, quando ele surgiu trouxe novos desafios e tivemos que aprender muita coisa. Com a IA é a mesma coisa, será necessário reaprender o modo de fazer as coisas”, pontuou Skowronsky.
O sócio e CCO da SPR, Fábio Henckel, incentivou os participantes a refletirem sobre os ganhos viabilizados pela IA que antes não eram possíveis no cotidiano das agências. “Temos que pensar o que não era possível fazer no dia a dia das agências antes da IA. Os ganhos que ela trouxe é que nos levarão para outros patamares na publicidade”, ressaltou Henckel.
Já o CSO da Brivia, Roberto Ribas, explicou como a agência está utilizando IA de forma estruturada em processos internos por meio de uma plataforma própria, a Briv.ia. “Muitas agências e empresas usam a ferramenta para produtividade, operações internas ou para desenvolver novas soluções. No nosso caso estamos usando a IA principalmente para melhorar a nossa entrega de valor com a plataforma que chamamos de Briv.ia”, detalhou Ribas.
Espaço para troca de experiências entre agências
O Frente a Frente é exclusivo para agências associadas ao Sistema Sinapro/Fenapro e conta com apoio da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) e da ESPM. O evento se consolidou como principal espaço para debate, interação e compartilhamento de boas práticas no mercado criativo gaúcho.
Repercussão entre os participantes
O head de performance da Protarget, Renan Rodel da Silva, avaliou que a troca entre agências é essencial. “A IA é uma matéria nova que todos ainda estão aprendendo e que tem influenciado muito no dia a dia. Muitos clientes trazem o argumento a fim de tentar reduzir o investimento nos Fees das agências. É legal ver como cada agência está lidando com isso e compartilhar neste ambiente coletivo e colaborativo”, comentou Rodel da Silva.
A sócia e COO da Be Nice To People, Fernanda Kubiack, destacou a relevância do tema do ponto de vista da operação e da rentabilidade. “O evento foi de suma importância pelo viés criativo, mas principalmente na parte de rentabilidade contratual e de escopo e treinamento de profissionais. O maior desafio hoje é trazer esse investimento operacional das agências para dentro dos contratos, e fazer com que o cliente perceba valor nisso”, relatou Fernanda.
O CEO da Veraz, Paulo Cezar da Rosa, enfatizou que o futuro da criatividade brasileira está em jogo. “Esse é um debate essencial porque o que está sendo em um certo sentido ameaçado – ou dependendo de como a gente reagir ou potencializar – é a indústria criativa brasileira. O Brasil tem alguns dos melhores trabalhos publicitários do planeta, e essa camada de tecnologia está ameaçando essa criatividade. Precisamos nos apropriar da tecnologia e usar ela a nosso favor”, pontuou da Rosa.