Empresários e entidades do Rio Grande do Sul se reuniram nesta quarta-feira (10) no Centro das Indústrias, em São Leopoldo, para discutir os efeitos das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O evento “Impacto das Tarifas dos EUA: como superar este desafio?” foi promovido com o apoio de sindicatos e organizações empresariais e teve como objetivo apresentar estratégias para enfrentar as dificuldades no comércio exterior.
Na abertura, o presidente do Sinmaqsinos e do Conselho Executivo The South Base, Marlos Davi Schmidt, ressaltou a importância da receptividade da indústria local. “Um ambiente que acolhe muito bem as indústrias, associações e sindicatos que trabalham pelo coletivo”, afirmou Schmidt. Segundo o dirigente, a diversidade de atores envolvidos “pode servir de inspiração e promoção de uma nova iniciativa, de um setor ou empresa, quem sabe uma solução, para enfrentar esse momento tão desafiador”.
Palestras sobre cenário internacional
O encontro contou com palestras de Igor Morais, sócio e economista da Vokin Investimentos e integrante do Simecs; Aderbal de Lima, coordenador do Conselho de Comércio Exterior da Fiergs; e Haroldo Ferreira, presidente executivo da Abicalçados. Igor Morais avaliou que “o poder econômico é usado para atingir objetivos políticos. E o exemplo mais recente tem sido a imposição de tarifas e as sanções diplomáticas por parte do EUA. Mas esse processo não teve início agora”.
Já Aderbal de Lima declarou que o problema é político e geopolítico e não tarifário. “A Fiergs tem feito um trabalho incansável com relação a esse tema, mas que até o momento segue infrutífero. A frustração está em todos nós. Entre os setores mais afetados estão o tabaco, calçados, madeira e o eletroeletrônico”, expressou o coordenador.
Haroldo Ferreira alertou para os impactos no setor calçadista. “No mês de agosto, as exportações brasileiras de calçados para os EUA sofreram queda de 17,9%, mesmo com o movimento de antecipação de embarques antes da vigência da tarifa adicional”, pontuou o dirigente. Ferreira acrescentou que, no Rio Grande do Sul, “as exportações cresceram 17,2% e 10,7% em dólares e pares”, mas advertiu que os próximos meses devem refletir uma queda mais expressiva.
Repercussão entre os empresários
Um painel mediado por Thômaz Nunnenkamp, presidente do Sindicis, reuniu representantes de empresas impactadas. A sócia-administradora da Fercorte, Caroline Goulart Costella Foerth, relatou a suspensão de pedidos em julho e as medidas adotadas para conter os efeitos da crise. “Tomamos medidas de imediato, como a suspensão de pedidos com fornecedores, uma reprogramação. Também foram concedidas férias emergenciais, para evitar as demissões. Precisamos reduzir o quadro de funcionários, adequar a empresa aos novos volumes de pedidos”, afirmou Caroline.
O vice-presidente de Administração e Finanças da Stihl, Cleomar Prunzel, destacou que a empresa enfrenta dificuldades diante das tarifas. “O nosso produto principal, que exportamos para os Estados Unidos, são os cilindros. A empresa trouxe essa demanda para a Stihl, que contabiliza cerca de 30 anos de desenvolvimento e tecnologia. Mudar isso é praticamente impossível num curto espaço de tempo. Sabemos que a demanda irá reduzir e com isso a produção”, comentou Prunzel.
Já o diretor da Tramontina Multi S.A, Nestor Giordani, avaliou que será necessário redimensionar a empresa. “Certamente, as vendas irão cair. Olhando para o futuro, entendemos que a empresa terá que encolher, para um novo tamanho de mercado. O primeiro setor que será reduzido será a produção”, expôs Giordani.
Encaminhamentos
Ao final do evento, os participantes aprovaram o envio de um Manifesto Institucional ao governo federal, solicitando a reversão das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O documento também critica a insuficiência das medidas de crédito e apoio anunciadas até o momento e reforça a necessidade de negociações para preservar a competitividade das empresas brasileiras, as cadeias produtivas e os empregos no Rio Grande do Sul.

