No Dia Mundial do Orgulho Autista, celebrado nesta quarta-feira (18), ações voltadas à inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem ganhado destaque como ferramentas de transformação social. Programas de aprendizagem profissional têm permitido que jovens autistas conquistem o primeiro emprego, desenvolvam novas habilidades e construam autonomia.
Segundo o Censo de 2022 do IBGE, o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com TEA, o que representa 1,2% da população. A condição, caracterizada por diferentes níveis de comprometimento na comunicação, interação social e comportamento, apresenta manifestações variadas entre indivíduos.
Experiência prática e superação
O jovem Alison Reis Sonemann, de 20 anos, morador de Canoas, integra o programa Partiu Futuro Reconstrução, desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com a Demà Aprendiz, tecnologia social da Renapsi (Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração). Após dificuldades para conseguir uma vaga, ele hoje atua como jovem aprendiz na recepção do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), no município.
“Eu adoro trabalhar, atender o público e poder conversar com as pessoas. Esse projeto me trouxe felicidade e proporcionou meu crescimento pessoal e profissional”, relata Sonemann. A mãe, Cleonice Reis Dorneles, afirma que o programa transformou a vida da família. “Ele buscou por anos uma vaga de trabalho, mas muitos recrutadores não acreditavam no potencial dele por ser diferente. Depois que começou a trabalhar, ficou mais responsável, mais maduro, melhorou a autonomia e aprendeu a lidar com o dinheiro”, conta Cleonice.
Impacto social
A diretora executiva da Renapsi, Aline Ferreira, ressalta o papel dos programas de aprendizagem na construção de uma sociedade mais inclusiva. “O Dia do Orgulho Autista é um convite à reflexão sobre o quanto a inclusão é capaz de transformar vidas. Quando criamos oportunidades concretas, como os programas de aprendizagem, ajudamos jovens como Sonemann a desenvolver seu potencial, sua autonomia e seu protagonismo”, afirma Aline.
Formação com propósito
O programa Partiu Futuro Reconstrução é voltado a jovens de 14 a 22 anos em situação de vulnerabilidade social, matriculados ou egressos da rede pública e inscritos no CadÚnico. Os participantes recebem bolsa-auxílio de R$ 828,26, vale-alimentação de R$ 550, além de benefícios como reforço escolar, orientação jurídica, acompanhamento psicológico, telemedicina e seguro.
Com 750 jovens capacitados atualmente em Porto Alegre e Canoas, a Demà Aprendiz oferece contrato com carteira assinada e atuação prática em órgãos públicos municipais e estaduais, aliando teoria e prática. Com mais de 30 anos de experiência, a organização segue promovendo acesso ao mundo do trabalho com dignidade e inclusão para a juventude brasileira.