Políticas públicas para o bem-estar animal é tema de debate na Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo

Por Ester Ellwanger

Em meio à pandemia, houve aumento significativo no número de adoções e compras de bichos de estimação, alguns deles por impulso de seus tutores, ocasionando na sequência abandonos. Essa é uma pauta recorrente no dia a dia e foi trazida para debate no Plenário da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo na noite desta quinta-feira, 26 de agosto. A médica veterinária Ana Caroline Rossi, que trabalha na Secretaria do Meio Ambiente de Caxias do Sul, destacou a necessidade de políticas públicas para tratar do bem-estar e da proteção animal. Ela é palestrante da atividade que também teve como debatedores Ráfaga Fontoura, secretário de Meio Ambiente de Novo Hamburgo; Fátima Ferreira, diretora do Canil Municipal; e Maicon Bonini, veterinário que também atua no local. A ação foi proposta por meio do requerimento de autoria do vereador Darlan Oliveira (PDT), relator da Comissão de Meio Ambiente. O presidente da Coman, Cristiano Coller (PTB), e o presidente da Casa, Raizer Ferreira (PSDB), uniram-se à promoção da iniciativa.

“Acredito na aprovação unânime do nosso projeto em segundo turno. Nó queremos trazer a iniciativa privada junto ao poder público. Incentivar uma agropecuária, por exemplo, dentro daquela semana, a abrigar animais para adoção. E fazer isso também dentro das escolas e da secretaria de Meio Ambiente. Com a eficiência do nosso canil, em parceria com a iniciativa privada, tenho certeza que vamos avançar neste acolhimento”, apontou o presidente do Legislativo.

Ráfaga Fontoura destacou que o Cempra (Centro de Proteção aos Animais) é responsável pelo canil municipal, pela fiscalização do bem-estar animal e pela política da zoonose. “Hoje, temos, entre gatos, cães e outros animais de grande porte, 40 mil em situação de rua em Novo Hamburgo. E esse número só aumenta. O canil comporta até 140 bichos embora estejamos abrigando 150. Realizamos uma média de 10 castrações por dia. E buscamos parceiros para que outras clínicas possam nos ajudar a aumentar esse número. Eu acredito que uma das melhores políticas de cuidado animal é justamente a castração”, salientou o secretario de meio ambiente.

No início de 2021, tivemos um aumento do abandono de animais, ao contrário do vivido em 2020. Por isso, temos de educar a população. Animal não é brinquedo, é um ser vivo, ainda que o código penal os tratasse durante muitos anos como objetos. Hoje, em relação a cães e gatos, já temos uma legislação bem estabelecida”.

Ele contou que o Projeto Castramóvel teve o funcionamento interrompido durante a pandemia. De acordo com a Seman, a ideia consiste em uma unidade móvel que realiza intervenção cirúrgica gratuitamente. O trabalho é realizado junto aos Agentes Comunitários de Saúde das Unidades de Saúde da Família (USFs) de cada bairro, que apontam as principais necessidades. Além disso, por meio do projeto, os moradores são orientados sobre a importância do controle populacional e da guarda responsável. “No início de 2021, tivemos um aumento do abandono de animais, ao contrário do vivido em 2020. Por isso, temos de educar a população. Animal não é brinquedo, é um ser vivo, ainda que o código penal os tratasse durante muitos anos como objetos. Hoje, em relação a cães e gatos, já temos uma legislação bem estabelecida”, falou. Ráfaga acredita que a castração resolverá o problema e não a retirada dos animais das ruas. “Dessa forma, podemos dar mais atenção às vítimas de maus-tratos e aos que precisam de cuidados especiais”, disse.

Coller ressaltou que um animal precisa de cuidado, atenção, amor, carinho, condições de levar ao veterinário e responsabilidade. “Vejo muito animal abandonado, maltratado. Animal não é brinquedo, cresce e não deve ser trocado por outro ou descartado. Gosto de animais, mas nunca fui desta causa animal. Mas percebo que temos de fazer algo para proteger e apoiar tantas ONGS que fazem um trabalho tão bom nesta área”, disse. O gabinete do petebista é responsável pelo Projeto Melhor Amigo NH que ajuda a castrar animais por preços subsidiados e que já possui diversos apoiadores.
Diretora do Canil de Novo Hamburgo, Fátima Ferreira concordou que o trabalho de educação e castração é lento e longo. “Enxugamos gelo, muitos dizem, mas sem isso não vamos a lugar nenhum. A longo prazo obteremos um bom resultado”, apontou. Ela também defende que os problemas dos animais de rua são de todas pessoas. “Se trabalharmos juntos, o resultado será bem melhor. Temos muitos bichos abandonados, e a pandemia piorou essa situação. Bichinhos semi-domiciliados são atropelados quando largados na rua. No canil, tem comida, atenção, mas não é o melhor lugar para eles ficarem. É triste”, disse.

 

Há cinco anos, tínhamos muito menos consciência da importância da castração. Antigamente, as pessoas não procuravam. Com muito amor, aos poucos, com dedicação, agradeço a todos os protetores que estão mudando esta realidade”.

Ela contou que a equipe do canil realiza a castração e devolve o animal para o local onde ele vive e no qual a comunidade cuida de forma coletiva, por exemplo. “Fazemos tudo o que está ao nosso alcance e vamos em busca de alternativas para o que não está”. O canil, segundo Fátima, realiza feirinhas de filhotes nas praças e enfatiza a importância da adoção consciente, de criar o animal solto e sem correntes. “Há cinco anos, tínhamos muito menos consciência da importância da castração. Antigamente, as pessoas não procuravam. Com muito amor, aos poucos, com dedicação, agradeço a todos os protetores que estão mudando esta realidade”. Ela convidou a todos para conhecer o canil de perto e as atividades que realizam.

Políticas Públicas

Palestrante da noite, a veterinária Ana Caroline Rossi, responsável pelo Canil de Caxias do Sul desde 2016 (que abriga cerca de 500 animais), revelou que o debate está sendo realizado justamente no Dia Mundial do Cão. “Que dia legal para promover este evento e estarmos todos aqui reunidos, com pensamentos parecidos, com o mesmo objetivo, que é o bem-estar dos bichos. Não suportamos ver o sofrimento dos animais de rua e lutamos para minimizar os danos e o abandono”, disse.

Ela falou sobre as políticas públicas adotadas pela cidade da Serra para garantir uma vida melhor e com mais qualidade aos bichinhos. Segundo Ana, é preciso educar a população, atualizar a legislação, fiscalizar e disponibilizar formas para que a comunidade realize denúncias sobre maus-tratos, além de realizar o controle populacional. A veterinária alertou ainda para a necessidade de o município estruturar um setor para resgate, abrigo, tratamento e adoção.

Fátima relatou que Caxias do Sul tem uma clínica licitada para realizar as castrações. Segundo ela, são R$ 496 mil investidos por ano para castrar 6.280 animais (523 por mês). Além disso, também detalhou que também desenvolvem ações de conscientização em bairros carentes e convênios com instituições de ensino superior. Por fim, destalhou como o setor é estruturado: Resgate (veículo, pessoal, material de captura, bombeiros); Tratamento (clínica licitada e convênio com Universidades); Abrigo (Canil Municipal e Lares Temporários de ONGs); Adoção (campanhas permanentes de adoção, com divulgação na mídia e equipe dedicada para este fim).

O público fez diversos questionamentos no decorrer da atividade, tanto de forma presencial quanto pelo Youtube. A diferença entre os cuidadores de animais e os acumuladores foi trazida à tona, sendo o segundo considerado um problema de saúde pública.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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