Médica gaúcha apresenta estudo pioneiro sobre câncer em simpósio na Espanha

Por Marina Klein Telles

Da infância em São Leopoldo (RS) aos corredores da Mayo Clinic, nos Estados Unidos — considerado o hospital número um do mundo nos sete últimos rankings anuais da Newsweek —, a trajetória da médica de 25 anos é marcada pela paixão pela ciência e compromisso com a equidade em saúde. No último dia 27 de maio, Carla Isabel Borré subiu ao palco do ECD Medical Symposium para apresentar seu estudo sobre neoplasias histiocíticas — um tipo de câncer raro e ainda pouco compreendido.

Seu trabalho compara duas abordagens muito distintas no tratamento desses tumores: a quimioterapia tradicional e as terapias-alvo — medicamentos de última geração, que atuam em mutações específicas das células doentes. A pesquisa também expõe um dos grandes dilemas da oncologia atual: eficácia dos tratamentos versus o acesso desigual entre pessoas, países e sistemas de saúde. Embora mais acessível, a quimioterapia mostra resultados preliminares semelhantes aos das terapias-alvo, muito mais caras e fora do alcance da maioria dos pacientes pelo SUS, por exemplo.

Para o professor Jithma Abeykoon, oncologista da Mayo Clinic e pesquisador na área de Onco-Hematologia, que orienta o projeto, “os dados iniciais são promissores: o estudo é pioneiro ao colocar lado a lado duas estratégias diferentes de tratamento para essas doenças”.

“Essas doenças são raras, mas complexas. Mesmo com terapias novas e promissoras, elas ainda não estão disponíveis para todos. É preciso que o tratamento esteja acessível tanto em Nova York quanto no interior do Brasil”, explica Carla, que lidera a pesquisa ao lado de especialistas da Mayo Clinic e está firmando parcerias com centros de referência no Japão e em outros estados norte-americanos para ampliar o estudo.

Trajetória de sucesso

 Formada pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), onde presidiu a Liga do Câncer, Carla também é mestre em Saúde Pública, com foco em Saúde Global, pela Universidade de Yale, onde estudou com bolsa mérito. Em Yale, também recebeu uma premiação para desenvolver pesquisa em inteligência artificial aplicada à área médica. Hoje, atua como residente de Clínica Médica na Mayo Clinic, em Rochester (MN), nos Estados Unidos.

“Minha formação no Brasil foi essencial. Sempre fui incentivada a questionar, pesquisar, criar pontes entre o que estudamos e o que as pessoas realmente vivem. Em Yale, ampliei essa visão para o mundo. E, na Mayo, aprendi a transformar essas ideias em prática clínica e pesquisa científica”, registra.

Com uma carreira do Brasil ao exterior, Carla representa uma geração de médicos brasileiros que buscam ciência de excelência com impacto global.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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