Ao longo dos últimos anos, os meses de janeiro e fevereiro estão se caracterizando pela prática de liquidações do comércio na maior parte do Brasil. Esta estratégia permite aos lojistas liquidarem os estoques remanescentes do final do ano e, também, pode gerar vendas mais consistentes em um período que se caracteriza por menor consumo, especialmente nas cidades onde as férias acabam reduzindo o número de clientes nas lojas.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL RS), Vitor Augusto Koch, explica que os descontos atraem o público devido a outros encargos que tendem a aparecer neste período. “Nos dois primeiros meses do ano existe uma concorrência muito forte das férias e de outros compromissos financeiros típicos do período, como IPTU, IPVA e despesas escolares, o que compromete boa parte da renda das famílias”, afirma. O dirigente lembra, ainda, que estas ações promocionais ajudam o comerciante a girar seu estoque, ajustando os níveis de produtos à disposição, além de reforçar o caixa do estabelecimento.
O dirigente ainda orienta sobre como planejar as liquidações com base no comportamento dos clientes. “Com a elevada taxa de juros do Brasil, existe menos dinheiro circulante no mercado. Os consumidores também estão mais criteriosos na hora de escolher e comprar o que precisam”, alerta. “Desta forma, o lojista que ofertar descontos percebíveis e personalizar o atendimento, promovendo uma experiência de compra única aos seus clientes, tem maiores chances de incrementar suas vendas”, prossegue.
As liquidações em janeiro e fevereiro, tradicionalmente o período de menor movimento nas lojas, tem possibilitado uma participação maior desses dois meses no volume comercializado pelo comércio gaúcho ao longo do ano. Até 2013, os dois meses representavam cerca de 14% do volume, índice que subiu para cerca de 18% em 2022. Outras recomendações da FCDL são evitar o anúncio de desconto com cartazes. Em vez disso, a entidade aconselha entrar em contato com os clientes, , seja por telefone, e-mail ou rede social, o que pode fazer com que ele vá até a loja e faça uma compra, mesmo se não estiver planejando gastar. Além disso, a estratégia pode fazer com que a notícia se espalhe e outros clientes sejam atraídos.
A entidade ainda orienta que mudanças de layout constantes na loja podem fazer a diferença e chamar mais atenção, mesmo que os produtos sejam os mesmos. O vendedor também é aconselhado a sempre deixar os produtos facilmente alcançáveis, para que o cliente possa tocar e ver de perto, despertando interesse. Por fim, é necessário atender sempre com exclusividade, de forma completa, conversando com o cliente e atendendo a suas necessidades.