Em alusão à Iom HaShoá – Dia da Lembrança do Holocausto, a FIRS – Federação Israelita do RS promoveu um evento online, em parceria com o Museu do Holocausto de Curitiba, abordando reflexões acerca da “Pirâmide do Ódio”. O professor e coordenador de História do Museu, Michel Ehrlich, coordenou a atividade pedagógica virtual, que contou com quase 50 participantes e abriu o diálogo sobre como o ódio pode se propagar, passando por “etapas”, e o que podemos aprender com o Holocausto para agir contra diferentes discriminações.
Durante a aula, Michel apresentou as “etapas” que formam a pirâmide do ódio: o estereótipo, o preconceito, a discriminação, a violência e o genocídio. Para o professor, o Holocausto passa por cada um destes pontos e é possível aprender com a história, combatendo outras formas de opressão. “Tentamos fazer uma leitura da Shoá pertinente no Século XXI e não podemos visualizá-la pelo seu resultado final. O Holocausto não começa com um grande genocídio, mas sim com situações que vemos a cada esquina, muito menores, e que, infelizmente, fazem parte do nosso dia a dia”, analisou, completando: “o Holocausto é um fenômeno humano, executado por uma determinada sociedade que não é tão diferente da nossa. O que o Holocausto diz sobre os nossos comportamentos hoje? Compreender sobre isso é entender que agir sobre um genocídio, quando já está acontecendo, é muito difícil, mas agir sobre um estereótipo é muito mais simples. Uma grande lição é não minimizar qualquer reação do oprimido, pois a melhor forma de honrar a Shoá é agirmos junto aos outros movimentos de minorias, sob a luz do presente”.
“O tema é relevante e reitera a necessidade de realizarmos, cada vez mais, trabalhos junto ao movimento negro, por exemplo, assim como temos feito na Federação. Ao longo do tempo muitos não compreendem essa pirâmide de ódio presente na sociedade. Achamos sempre que o Holocausto é um fenômeno incomparável, quando, na verdade, temos muitos movimentos e comportamentos a monitorar e combater”, destacou o presidente da FIRS, Sebastian Watenberg.
“Foi uma palestra extremamente interessante para a quebra de paradigmas, uma vez que se torna uma obrigação lutar contra tantos outros fenômenos na base. Até mesmo levando em conta como fomos criados e a herança que tudo isso que nos deixou. Educar e lutar como forma de um verdadeiro tributo”, afirmou o diretor da Federação, Fabio Lavinsky.
O coordenador do Museu, Carlos Reiss, encerrou o evento dando destaque à educação como papel transformador: “Restringir a ideia da Shoá à construção da identidade judaica torna-se muito pouco, uma vez que podemos dizer que a Shoá nos fornece lições e legados, por meio de princípios e valores, que nos permitem ajudar a construir um futuro melhor. Dizer só ‘nunca mais’ não está sendo suficiente, precisamos agir e ajudar para contribuir com uma ferramenta que diz respeito a uma das maiores tragédias da humanidade. E a educação tem um papel primordial nisso tudo”, finalizou.