O Sistema Nacional das Agências de Propaganda (Sinapro), que congrega a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) e os Sinapros estaduais, está em plena mobilização para preparar as agências para o cenário da Reforma Tributária, cuja transição se inicia em 2026 e será concluída em 2033, e que é considerada um dos maiores desafios de gestão da próxima década. Para discutir essas mudanças, seus impactos no setor e sensibilizar as lideranças da propaganda gaúcha sobre a importância de se preparar para os desafios, o presidente da Fenapro, Daniel Queiroz, esteve em Porto Alegre na terça-feira (25/11), a convite do Sistema Nacional das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS).Ele reuniu-se com sócios e diretores das empresas do setor, no Coco Bambu do Shopping Iguatemi, onde proferiu painel sobre o tema “Reforma tributária nas agências de propaganda: entender para liderar abordagens e mudanças inevitáveis”.
A recomendação principal do Sistema, reforçada por Daniel Queiroz no encontro com as lideranças gaúchas, é que o publicitário dono de agência esteja capacitado para atuar como um especialista que domina a formação de preço e o custeio, em defesa da viabilidade do próprio negócio. “A Reforma Tributária já terá impactos a partir de 2026, exigindo uma postura de liderança dos empresários do setor para evitar que o aumento da carga tributária consuma a rentabilidade”, alerta o dirigente setorial.
A manutenção da base de cálculo
Em sua atuação em defesa do setor, o Sistema obteve uma vitória crucial junto à Receita Federal e ao Comitê de Gestão da Reforma: a garantia de que a base de cálculo da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) será, como é atualmente, aplicada apenas sobre a receita própria da agência (composta por honorários, comissão e/ou fee), e não sobre o valor total da fatura (que inclui o investimento dos anunciantes para pagamento de veículos e fornecedores). “Essa participação da Fenapro junto ao Comitê Gestor, se antecipando e até colaborando na redação do artigo 12, mostra a importância da entidade, que, nesse caso, livrou as agências de um caos tributário, pois, caso tivessem que pagar 27% ou 28% de impostos sobre o total de uma fatura onde apenas cerca de 20% do valor são de receitas próprias, inviabilizaria a continuidade dos negócios”, destaca Antônio Lino, representante oficial da Fenapro junto à Receita Federal para tratar da Reforma Tributária.
Não existe ‘fórmula de bolo’
O Sistema Sinapro/Fenapro fornecerá ferramentas de apoio e treinamentos para que as agências possam se antecipar e não deixar “nas mãos do mercado a decisão sobre o nosso negócio”.
Cartilha e ferramenta de simulação: serão disponibilizadas instruções e ferramenta de simulação para que os líderes possam exercitar a projeção de custos e rentabilidade em cenários diversos do seu negócio à luz das regras atuais e das novas que serão implementadas. A ferramenta demonstra que o impacto é diferente em cada negócio e para cada cliente. O objetivo é alertar que não existe uma fórmula de bolo; a agência precisa dominar seus próprios dados.
Domínio da negociação com clientes: o principal desafio será o entendimento das mudanças e a capacidade de liderar, junto aos clientes, as necessidades de ajustes contratuais, garantindo às agências, como parceiras estratégicas que são, solidez para continuarem prestando o serviço relevante a cada um deles.
Alerta de fluxo de caixa: o imposto não passará mais pelo caixa da agência, sendo abatido na fonte. Agências que dependiam desse valor para fluxo de caixa devem se reestruturar imediatamente.
Alerta Urgente (Tributação de Dividendos): a distribuição de lucros acima de R$ 50 mil por mês será tributada em 10% na fonte a partir de 2026. O Sistema orienta que os empresários acelerem a conversa com contadores e advogados tributários especialistas para realizarem um balanço intercalar (até o final de 2025) com a convocação de assembleia para destinação dos lucros, de 2025 e de anos anteriores, evitando, com isso, a tributação desses lucros gerados até 31/12/2025, a fim de se protegerem dessa tributação sobre o lucro de 2025.
Embora a maior parte das agências seja optante pelo Simples Nacional e, para essas empresas, os impactos imediatos da Reforma podem ser menores, o Sistema alerta que não significa que o empresário do Simples possa relaxar. É fundamental o mesmo nível de atenção, especialmente sobre como a diferença de crédito tributário gerado afetará a competitividade em relação às empresas de Lucro Real. O Sistema está à disposição para garantir que todas as agências, independentemente do porte, tenham a informação para proteger seu negócio. “Esse é o momento de virar a chave do empresário publicitário para que atue como um especialista na reforma tributária. Esse assunto não deve ser delegado ao financeiro, são os donos das agências que precisam liderar este processo junto aos clientes. Se mais uma vez deixarmos nas mãos do mercado a decisão sobre o nosso negócio, vamos sair perdendo”, conclui Daniel Queiroz.
Daniel Queiroz é administrador de empresas por formação, tem mais de 30 anos de experiência empresarial em várias iniciativas empreendedoras, foi eleito publicitário do ano em 2018 pelo Colunistas N/NE e é CTO e sócio da Ampla Comunicação. Além de ocupar a presidência da Fenapro por duas gestões consecutivas, é conselheiro do Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp). Já foi mentor da Endeavor, membro do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, presidente do Sinapro-PE e diretor da ABAP-PE.
Além de ministrar o painel sobre reforma tributária em Porto Alegre, o dirigente também participou do Almoço do Sinapro-RS na Semana ARP 2025 trazendo para a pauta de debates o tema “Transformações e Desafios das Agências”, com uma abordagem sobre a importância de ter um sistema de agências de propaganda conectado e fortalecido, capaz de trocar informações e buscar caminhos para o desenvolvimento pleno de todo o mercado publicitário nacional.
Juliano Brenner Hennemann, presidente do Sinapro-RS, destaca que a iniciativa de trazer o presidente da Fenapro ao Estado para discutir temas tão relevantes com os empresários gaúchos reforça o compromisso da entidade com o fomento da qualificação e atualização das empresas do setor e com o desenvolvimento do mercado criativo gaúcho.

